Arredondamentos, João Miranda, DN080405
ARREDONDAMENTOS
João Miranda
investigador em biotecnologia
jmirandadn@gmail.com
Fernando Serrasqueiro, secretário de Estado da Defesa do Consumidor, tem dedicado a sua actividade governativa ao fascinante tema dos arredondamentos. Até há pouco tempo, os parques de estacionamento cobravam à hora. Um carro que ficasse no parque durante uma hora e um quarto pagava o correspondente a duas horas. Serrasqueiro obrigou os parques de estacionamento a cobrar por períodos de 15 minutos. Os parques subiram os preços dos períodos iniciais. Agora, Serrasqueiro quer obrigar as operadoras telefónicas a cobrar todas as chamadas ao segundo.Fernando Serrasqueiro acredita que se os períodos de tarifação forem reduzidos, o consumidor passa a pagar menos porque só paga o que consome. Pelo sistema actual, um consumidor que faça uma chamada de 33 segundos paga um minuto de chamada. Pelo sistema que Serrasqueiro quer impor, o mesmo consumidor paga apenas 33 segundos. A ideia é ingénua. Os preços das chamadas telefónicas e as receitas das operadoras resultam de um equilíbrio entre a oferta e a procura. Se a cobrança ao segundo for imposta, as empresas de telecomunicações aumentarão os preços dos primeiros segundos de chamada de forma a manterem as receitas. Os consumidores vão pagar o mesmo. Fernando Serrasqueiro não parece compreender que existem boas razões económicas para que, durante o primeiro minuto, as chamadas não sejam cobradas ao segundo. A utilidade para o consumidor e os custos para o operador do primeiro minuto de chamada são maiores que a utilidade e os custos do segundo minuto. Os operadores têm de ter uma forma de fazer reflectir este facto económico nos custos das chamadas. A cobrança de um minuto completo de todas as chamadas com duração inferior a um minuto é uma forma simples de o fazerem. Mas se a lei não o permitir, as operadoras terão de recorrer a outros métodos. O mais provável é que passem a cobrar os primeiros segundos de chamada a um preço mais elevado do que os segundos subsequentes. Nos parques de estacionamento ocorreu um fenómeno semelhante, pelas mesmas razões.
João Miranda
investigador em biotecnologia
jmirandadn@gmail.com
Fernando Serrasqueiro, secretário de Estado da Defesa do Consumidor, tem dedicado a sua actividade governativa ao fascinante tema dos arredondamentos. Até há pouco tempo, os parques de estacionamento cobravam à hora. Um carro que ficasse no parque durante uma hora e um quarto pagava o correspondente a duas horas. Serrasqueiro obrigou os parques de estacionamento a cobrar por períodos de 15 minutos. Os parques subiram os preços dos períodos iniciais. Agora, Serrasqueiro quer obrigar as operadoras telefónicas a cobrar todas as chamadas ao segundo.Fernando Serrasqueiro acredita que se os períodos de tarifação forem reduzidos, o consumidor passa a pagar menos porque só paga o que consome. Pelo sistema actual, um consumidor que faça uma chamada de 33 segundos paga um minuto de chamada. Pelo sistema que Serrasqueiro quer impor, o mesmo consumidor paga apenas 33 segundos. A ideia é ingénua. Os preços das chamadas telefónicas e as receitas das operadoras resultam de um equilíbrio entre a oferta e a procura. Se a cobrança ao segundo for imposta, as empresas de telecomunicações aumentarão os preços dos primeiros segundos de chamada de forma a manterem as receitas. Os consumidores vão pagar o mesmo. Fernando Serrasqueiro não parece compreender que existem boas razões económicas para que, durante o primeiro minuto, as chamadas não sejam cobradas ao segundo. A utilidade para o consumidor e os custos para o operador do primeiro minuto de chamada são maiores que a utilidade e os custos do segundo minuto. Os operadores têm de ter uma forma de fazer reflectir este facto económico nos custos das chamadas. A cobrança de um minuto completo de todas as chamadas com duração inferior a um minuto é uma forma simples de o fazerem. Mas se a lei não o permitir, as operadoras terão de recorrer a outros métodos. O mais provável é que passem a cobrar os primeiros segundos de chamada a um preço mais elevado do que os segundos subsequentes. Nos parques de estacionamento ocorreu um fenómeno semelhante, pelas mesmas razões.
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