Musical ‘A Caminho’ - Contar uma Mensagem que toca todos

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A partir das vidas de duas pessoas que se cruzam numa peregrinação a Fátima, o musical ‘A Caminho’ pretende desafiar o público a refletir sobre como a Mensagem de Fátima pode entrar na vida de todos. A nova peça produzida pela Produções Boa Nova, da paróquia do Estoril, estreia no dia 4 de outubro.
É sexta-feira e a azáfama já ocupa lugar no Centro Comunitário Senhora da Boa Nova, no Estoril. É mais um dos incontáveis dias de ensaios do musical ‘A Caminho’. Entre transportar cenários, coordenar o elenco e tratar do que surgir, Tomás Líbano Monteiro e Miguel Oom Torres, da produção, contam ao jornal VOZ DA VERDADE que este é já o quinto espetáculo conduzido pela Produções Boa Nova, a entidade que gere todos os eventos do auditório. “Desde 2012 que nos temos atirado por esta paixão pelo teatro e pelas artes para produzir espetáculos, todos eles com fins sociais”. O objectivo sempre foi ter “produções de grande qualidade artística mas sempre com uma causa social como pano de fundo”, explicam. No ano passado, a produção do musical ‘Calcutá’ foi um sucesso. “Esgotámos todas as sessões. Abrimos sessões extra, esgotámos novamente. Continuamos a abrir, continuamos a esgotar”. E poderia ter continuado.

Uma mensagem atual
Este ano, o musical debruça-se sobre a Mensagem de Fátima. Mas a ideia do ‘A Caminho’ já é antiga. “No ano passado pensámos fazer um teatro musical com a Mensagem de Fátima como pano de fundo mas achámos que era melhor guardar esta ideia na gaveta e esperar pelo ano em que se comemora o Centenário”, revelam os produtores. E assim foi. A ideia base de todo o enredo não é fazer deste teatro “uma lição catequética”, garante Tomás. “Não se trata de contar a Mensagem de Fátima, de falar dos acontecimentos de 1917. Vamos apenas tocá-los, ao de leve”. Acima de tudo, “a ideia é mostrar a atualidade da Mensagem, hoje, 100 anos depois; e como essa Mensagem chegou ao mundo inteiro”. ‘A Caminho’ conta, por isso, “uma história atual que pretende mostrar como histórias de pessoas de hoje em dia, tocadas por Fátima, se mudam e se cruzam”, explicam.
O objectivo é mesmo olhar de uma forma diferente para a Mensagem. “Quando pensámos fazer este musical, levantámos a questão: Será que os portugueses não estarão cansados de ouvir falar sobre isto?”, conta Miguel. Mas a conclusão não foi a que se esperaria. Até porque “isto não vai ser sobre as aparições, vai ser sobre nós. É um musical centrado em cada pessoa que o vem ver e o que cada pessoa tem a ver sobre aquilo que aconteceu em Fátima”. 

Uma equipa “a caminho”
São muitos os que dão vida a este caminho. O elenco é composto por 33 atores, dirigidos por Pedro Ribeiro, que dão vida aos textos de Manuel Arouca. Alguns profissionais, outros semi-profissionais e muitos amadores. Juntando a equipa de produção, a direção artística e os “comerciais”, contam-se perto de 120 pessoas envolvidas. Tomás e Miguel contam a beleza desta “mistura de apaixonados pelo teatro, pessoas a querer prestar um serviço público à Igreja”. “É tão bom ver como todos estamos aqui para o mesmo e a abraçar este projeto. Cada um no seu papel e cada um imprescindível para se construir algo tão grande”. Dos 15 anos aos quase 70, de meios “completamente diferentes”. Miguel conta que eles também estão a caminho. “Muitos deles desistiriam a meio se não estivessem, eles próprios, a caminho de algo que tem outra dimensão e que vai para além da sala de ensaios e do compromisso que têm connosco. Há um caminho que está a ser feito desde o início”, explica. É por isso que garante que há uma “dimensão espiritual” em cada pessoa envolvida. “Sem isso seria só um bom espetáculo mas a dimensão espiritual torna isto um espetáculo transcendente”.

Produções Boa Nova
Tudo para “trazer de volta às salas portuguesas os espetáculos para toda a família”.  É assim que Tomás e Miguel definem a missão da Produções Boa Nova. E garantem que público-alvo não se cinge aos católicos. Antes pelo contrário. Este caso em concreto é exemplo disso porque “a Mensagem de Fátima é transversal”. “Eu já falei com imensos não-crentes que vão a Fátima e não conseguem negar a paz que se sente naquele lugar. Há algo muito especial naquele sítio. Fátima chega a todos e a todo o mundo”. Uma identidade que será transportada para o musical, garantem. “É uma viagem pelo mundo inteiro e que nos assalta o coração. Todas as pessoas vão sair desta sala com o coração preenchido. Todos temos uma história e Fátima tem a ver com a história de cada um de nós e é nessa história, nessa ferida que existe entre cada homem e este encontro com a fé que nós pretendemos tocar. As pessoas vão para casa a meditar no que aqui viveram”, frisa Tomás.
Mas garante: “Nós não queremos contar nada a ninguém, dizer a alguém no que tem de acreditar. Queremos deixar as pessoas a pensar sobre elas”. “Vamos questionar as pessoas sobre o ponto fulcral da vida delas. Mas de uma forma tão divertida, tão apaixonante, tão vibrante. Queríamos fazer uma coisa diferente, com esta paixão pelo teatro. Damos um lado muito jovem e refrescante a Fátima”, descrevem. O objetivo é mesmo ajudar a olhar para Fátima como um fenómeno atual. “Os que conhecem, relembrá-los. Os que não conhecem, dizer-lhes como é bom e como é uma mensagem atual e intemporal”.

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