Greves

DESTAK | 09 | 02 | 2011   22.40H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
Começaram as greves de contestação à austeridade. A classe operária está em luta. Estará mesmo? Curiosamente não são proletários os que paralisam, mas funcionários de serviços públicos, com emprego garantido e regalias a defender. Há muito que a maioria das greves não acontece nas empresas comuns.
Essas lutam pela sobrevivência na feroz concorrência e não se podem dar ao luxo de conflitos laborais. Conscientes, trabalhadores e administração evitam as greves que aí são raras, dolorosas, último recurso. Como nos tempos heróicos da luta de classes.
Quem tem conflitos hoje são os sectores monopolistas próximos do Estado, sem competição e onde os trabalhadores pouco perdem com a contestação. Tal como o patronato, que já recebeu o dinheiro dos passes e ainda poupa na energia e salários. As vítimas das greves de transportes são os pobres que ficam em terra para a classe média defender regalias.
Aqui os operários não estão em luta. Vão a pé sem transportes. Os sindicatos dizem não haver alternativa neste combate, mas isso é falso. Se quisessem atingir a empresa dariam passes de borla, ou outras coisas que reduzissem os proveitos. Aí os patrões prestariam atenção. É verdade que seria ilegal e os responsáveis arriscavam-se ao castigo.
Como nas greves proibidas de antigamente. O que temos hoje não é verdadeira luta laboral mas uma brincadeira burguesa mascarada de greve. Como disse Marx, a história repete-se, «primeiro como tragédia, depois como farsa» (O Dezoito de Brumário de Luís Bonaparte, 1852, cap. 1).

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