Do tempo livre à libertação do tempo


O documento «Do tempo livre à libertação do tempo», fruto das três primeiras Jornadas da Pastoral da Cultura, foi apresentado nos dias 19 e 20 de Junho, durante a conferência de D. Gianfranco Ravasi na Universidade Católica e aquando das IV Jornadas.
O texto, da autoria do P. José Tolentino Mendonça e Paulo Pires do Vale, inaugura uma nova marca editorial - «Cadernos do Sicómoro» - que acompanhará as obras publicadas pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. O sicómoro é uma das árvores frondosas referidas na Bíblia. Semelhante à figueira pelo seu fruto e à amoreira pelas suas folhas, cresce nas margens do Mediterrâneo. Zaqueu sobe ao sicómoro, porque a multidão o impede de ver Jesus (Lc 19,1-10).
Neste artigo apresentamos a introdução do documento, da autoria de D. Manuel Clemente.
"O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura oferece à
cultura em Portugal, e à Igreja no seu conjunto, esta síntese da reflexão que dedicou, ao longo de três anos, à temática do «tempo livre». É o seu primeiro trabalho no género, tentando um desempenho oportuno e específico do seu encargo, dentro da Conferência Episcopal Portuguesa em que se integra.
Num processo de discernimento sobre a nossa contemporaneidade, evidenciou-se o «tempo livre» como tópico particularmente sintomático. Indicado, por se ter tornado um campo de formulação do sonho e do desejo, mesmo numa sociedade em que o trabalho é tantas vezes a maior necessidade. Indicado, porque, tendo sido em grande parte absorvido e regido como indústria, o «tempo livre» não cumpre só por si o que promete, tornando-se, por vezes, em cativeiro de expectativas e energias.
Podemos até dizer que, sendo o tempo uma realidade humana, ao menos na sua dimensão psicológica, só é «livre» quando realmente liberta. Ou seja, não alienando o inalienável, a condição humana e a sua essencial complexidade, mas aprofundando-lhe a substância, até à suma simplicidade. Simplicidade em que cada um seja finalmente coeso, identificadas a inteligência e a vontade num único desejo, ainda além delas. No fundo, é a nós mesmos que libertamos, quando a dimensão temporal se abre à eternidade; quando o desejo que acrescenta
os momentos, mais do que os abrevia, se dissolve num oceano sem margens. Di-lo ‘infinitamente’ bem Bento XVI, no passo da sua encíclica sobre a esperança: «A única possibilidade que temos é procurar sair, com o pensamento, da temporalidade de que somos prisioneiros e, de alguma forma, conjecturar que a eternidade não seja uma sucessão contínua de dias do calendário, mas algo parecido com o instante repleto de satisfação, onde a totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade. Seria o instante de mergulhar no oceano do amor infinito, no qual o tempo - o antes e o depois - já não existe. Podemos somente procurar pensar que este instante é a vida em sentido pleno, um incessante mergulhar na vastidão do ser, ao mesmo tempo que ficamos simplesmente inundados pela alegria» (Spe salvi, §12).
O presente texto é agora confiado a quem o queira receber
e aplicar em iniciativas várias, da reflexão à prática. Diferentemente da erudição, a cultura só se consegue fazendo e ousando. Ficam aqui alguns «sinais de pista» para esse caminho aberto."
Encomendas
A encomenda desta edição deve ser feita ao Centro de Publicações da Universidade Católica Portuguesa (Lisboa), que enviará por correio os exemplares pedidos. A obra também poderá ser adquirida directamente na livraria da UCP.
As informações sobre os procedimentos relativos ao pedido, pagamento e envio podem ser obtidas através do telefone 21 721 40 24.
Endereço postal:
Centro de Publicações da Universidade Católica Portuguesa
Palma de Cima
1649-023 LISBOA
D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais
in Do tempo livre à libertação do tempo
© SNPC | 22.06.2008

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