À descoberta de Saulo de Tarso

Voz Portucalense, 080625


A alguns dias do início do “Ano Paulino”, parece-me oportuno reflectir um pouco sobre Saulo de Tarso. Nasceu em Tarso, cidade da Ásia Menor. A sua família pertencia aos fariseus. Desde criança foi educado nas leis do judaísmo. Quando a sua família regressou a Jerusalém, Saulo ingressou na famosa escola de Gamaliel. Fervoroso defensor das suas tradições, Saulo insurge-se contra os cristãos. Terá conhecido Estêvão na escola de Gamaliel. O Livro dos Actos dos Apóstolos dá conta da presença de Saulo no martírio de Estêvão: “A roupa de Estêvão, na hora da sua morte, foi colocada aos pés de um jovem chamado Saulo”. Na sua cruzada contra os cristãos, entrava nas suas casas, prendia homens e mulheres e metia-os na prisão.
Resolveu levar até Damasco a sua missão de acabar com os cristãos. Mas, no caminho, foi surpreendido por um luz forte que o envolveu e o fez cair do cavalo. Ouviu uma voz que lhe dizia:
- Saulo, Saulo, porque me persegues?”
- Quem és, Senhor?
- Eu sou Jesus, a quem tu persegues...
Aqui começa a grande mudança na vida de Saulo de Tarso. Fica cego e é levado para casa de Ananias, que o ajuda a recuperar a vista. Teria nesta altura 28 anos. Este encontro com Jesus faz com que Saulo descubra um novo caminho para a sua vida. Mas não foi fácil. Sobre ele recaiu uma grande desconfiança dado o seu anterior comportamento. A sua aproximação aos Doze não foi imediata. Os anos em que ele, após o episódio da estrada de Damasco, se manteve “em retiro” foram de grande importância.
O Saulo, fervoroso fariseu, perseguidor dos cristãos, transformou-se num fervoroso apóstolo. Com Barnabé empreende a sua primeira grande viagem missionária. Para significar a sua ruptura com o passado começa a utilizar o nome Paulo. Vai por todos os lugares ao encontro das pessoas para lhes anunciar a Boa Nova de Jesus. Neste fervor apostólico, enfrentando as mais diversas dificuldades e muitos perigos, realizou quatro viagens missionárias. Fundou muitas comunidades que segue atentamente e a quem escreve com regularidade. Estas viagens aconteceram num período de 16 anos, presumivelmente entre os anos 46 a 62. Um dos argumentos mais fortes de Paulo era o testemunho da sua própria vida. Não queria ser pesado para ninguém e procurava ser solidário com os mais pobres.
O nome de Paulo aparece como autor de 13 Cartas do Novo Testamento, escritas a diferentes comunidades, ao longo de talvez cinquenta anos: Romanos, Gálatas, 1e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Coríntios, Filipenses e Filémon; 1 e 2 Timóteo, Tito, Efésios, Colossenses.
Sofreu várias vezes o cativeiro. Sentiu-se várias vezes abandonado. Foi morto à espada, em Roma, segundo se crê, no mesmo dia em que Pedro foi crucificado de cabeça para baixo.
Uma lenda diz que, momentos antes de Paulo ser executado, uma cega, chamada Petronila, lhe ofereceu um véu para ele vendar os olhos. Paulo devolveu-lho. Ao aceitar de volta o véu, Petronila recuperou a vista.



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