Campeonato, JCdasNeves, Destak, 080619
Campeonato
19 06 2008 00.12H
Muitos jornalistas querem saber o impacto do Euro 2008 sobre o espírito nacional e, em consequência, sobre a crise económica e política. A resposta é simples: vai correr mal e a culpa é do Governo.
O problema ficou distorcido à partida. Desde o início que se alimentaram grandes esperanças. Não passar à segunda fase seria uma catástrofe, falhar nos quartos de final um desastre, não chegar à final uma vergonha. Sendo assim, o mais provável é termos um desastre ou uma vergonha. E os ministros servem para ficar com as culpas destas coisas. Aliás, com este espírito, só duas equipas não sairão embaraçadas da Áustria e só uma fica contente.
Pelo contrário, lembram-se há quase um ano, em Setembro de 2007, da primeira participação de uma equipe amadora portuguesa no Mundial de Rugby em França? Nessa altura não havia esperanças e só existiram derrotas fragorosas. Mas a humildade e dedicação dos «Lobos» deixaram o país orgulhoso, elevado, feliz.
Esta é uma boa comparação com a situação económica. Quando entrámos na Europa em 1986 sabíamos que iria ser muito difícil. Não havia arrogância ou esperanças, mas trabalho e esforço. Fomos uma boa surpresa. Mas depois vieram as seguranças, as exigências, os palpites. Começámos a ter pergaminhos. Deixou-se de trabalhar e arriscar para nos dedicarmos a direitos adquiridos. Tinha de acabar na depressão.
Portugal até sabe jogar à bola. Mas tem aquela terrível tendência para ficar no café a discutir o árbitro. Quando isso acontece, o resultado é sempre o mesmo: corre mal e a culpa é do Governo.
João César das Neves naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
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