Terceira semana do Advento, sexta-feira: Recomeçar

Um presente para pedir a Deus
Peço a graça de ser capaz de olhar para cada dia como um novo dom de Deus, acolhendo e abraçando com entusiasmo tudo o que oferece.
Uma reflexão para o caminho
Há alguns anos, um dos participantes de um retiro que eu estava a orientar falou-me do desafio que cada novo dia era para ele. Depois de acordar ficava deitado na cama, e os pensamentos de todas as tarefas que tinha de realizar nesse dia esmagavam-no. A cada minuto que passava nesse estado, só o ter de se levantar parecia mais difícil. Talvez seja por isso que os Jesuítas de gerações anteriores às minhas eram treinados a erguer-se imediatamente da cama assim que o despertador tocasse, dizendo "Graças sejam dadas a Deus".
Numa peregrinação, se tiver a sorte de encontrar um abrigo adequado para a noite, sair dele para enfrentar outro dia incerto de chuva e vento na estrada é em si próprio um desafio. Quanto mais longa é a viagem, maior é tentação de ficar. No entanto, a parte mais racional da pessoa está bem consciente de que sucumbir a esta tentação significa que nunca se chega à meta. Por muito cansado que se esteja, e por muita má vontade que se tenha, a única maneira de avançar é recomeçar a viagem.
O participante no retiro que me contou a sua dificuldade acabou por me dizer: "Mas padre, ainda é muito novo para saber do que estou a falar». Nessa altura, não fiquei convencido, e agora ainda menos. Não creio que esta relutância para começar de novo seja uma questão de idade. Muitas tarefas do dia a dia parecem mais difíceis vistas à distância do que quando estão a ser concretizadas, mas esta descoberta nunca pode ser feita se a pessoa estiver sempre a adiá-las. Consegue ver em si algo desta atitude quando lhe são apresentados novos começos? Se sim, o que é que a ajuda a superá-la?
Uma passagem bíblica para o caminho
No livro de Isaías aparece uma figura misteriosa, um servo que tem de sofrer muito para servir o seu Deus. Há muito debate sobre quem representa este servo. Será que é a personificação da nação judaica? Será uma visão alternativa do Messias triunfante, há muito esperado? Será uma profecia sobre Cristo, como o Novo Testamento sugere? Talvez possa ser tudo isto e ainda mais. Poderá até encontrar dimensões do servo sofredor na sua própria vida de discipulado.
«Cada manhã desperta os meus ouvidos, para que eu aprenda como os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos» (Isaías 50, 4-5).
Em cada manhã o servo acorda na expetativa de ser instruído por Deus nos acontecimentos do dia que se estende à sua frente e nas pessoas encontradas ao longo desse dia. Os acontecimentos podem ser desafiadores, e as pessoas por vezes hostis, mas a segurança consiste na confiança de que Deus estará presente, tornando-se notado por aqueles que prestam atenção. O servo só tem de estar preparado para começar de novo cada dia. Está disposto e preparado para servir Deus desta maneira?
Palavras para a viagem
Deus, sempre antigo e sempre novo,
peço-te que dissipes a preguiça e a relutância
que me impedem de te dar graças de novo a cada dia.
P. Paul Nicholson
In
An Advent pilgrimage, KM Publishing
Trad.: SNPC
19.12.13

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