Responsabilidade e participação
RR on-line 03-05-2011 14:02
Miguel Morgado
Perante o desapontamento que os portugueses sentem em relação ao sistema político tornou-se consensual ver no aumento da participação política o princípio da cura do mal.
As recomendações e as exortações à participação sucedem-se, e lamenta-se o “sistema” por desencorajá-la. Os especialistas revelam o mal-estar apontando para as taxas de abstenção eleitoral e para estudos de opinião que consecutivamente mostram o afastamento da generalidade das pessoas face a instituições e processos políticos que contam com o que não têm e, o que é mais grave, não permitem.
Mas parece-me quimérico supor num movimento hipotético de ressurgimento da participação política a salvação da democracia nacional. Mais participação institucionalizada nos partidos? Talvez com isso se conseguisse estender a influência já excessiva que os partidos têm na sociedade portuguesa. Mais participação política fora dos partidos? Isso trataria de acentuar a politização já excessiva das nossas práticas sociais. Enquanto não for muito mais clara a distinção entre o Estado e a sociedade, o aumento da participação por estas duas vias produzirá resultados bem perversos. Até porque o que provavelmente frustra os portugueses seja a carência, não de participação, mas de responsabilidade no “sistema”.
É preciso que os portugueses participem mais, de facto, mas nas pequenas coisas, nos pequenos grupos, nas pequenas associações e agremiações, que constituem o tecido institucional de uma sociedade livre, enérgica e vitalizada.
É preciso que dêem mais do seu tempo, da sua vontade, do seu dinheiro, dos seus dotes e talentos, para tudo o que envolve, afinal, o quotidiano das nossas vidas.
Mas parece-me quimérico supor num movimento hipotético de ressurgimento da participação política a salvação da democracia nacional. Mais participação institucionalizada nos partidos? Talvez com isso se conseguisse estender a influência já excessiva que os partidos têm na sociedade portuguesa. Mais participação política fora dos partidos? Isso trataria de acentuar a politização já excessiva das nossas práticas sociais. Enquanto não for muito mais clara a distinção entre o Estado e a sociedade, o aumento da participação por estas duas vias produzirá resultados bem perversos. Até porque o que provavelmente frustra os portugueses seja a carência, não de participação, mas de responsabilidade no “sistema”.
É preciso que os portugueses participem mais, de facto, mas nas pequenas coisas, nos pequenos grupos, nas pequenas associações e agremiações, que constituem o tecido institucional de uma sociedade livre, enérgica e vitalizada.
É preciso que dêem mais do seu tempo, da sua vontade, do seu dinheiro, dos seus dotes e talentos, para tudo o que envolve, afinal, o quotidiano das nossas vidas.
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