Optimismo. Um ponto de partida para melhorar a sua situação
Maria Catarina Nunes, 31 de Maio de 201 i-online
Existem pelo menos duas formas de enfrentar os obstáculos: alterá-los ou alterar-nos para os conseguirmos superar
A troika aterrou em Portugal e na bagagem trazia a obrigação de usar cintos mais curtos, umas quantas doses de stresse e outras tantas de inquietação. Os portugueses andam mais preocupados e é natural que a má disposição tome conta dos ambientes de trabalho. Os chefes não o deixam em paz, os colegas estão carrancudos e entregues ao fado que é ser português. A situação do país é negra. Para vencer a crise devemos consultar quem sabe, os especialistas consideram que só há uma caminho: se as situações são adversas, rir é mesmo o melhor remédio.
O método foi explicado ao i na conferência Talenting the Impossible, organizada pela Talenter - empresa que se dedica a encontrar e a cultivar talentos. Helena Marujo, investigadora e membro do Board of Directors da International Association of Positive Psychology, foi uma das oradoras na palestra que se realizou na sala principal do Teatro Tivoli. Através de uma apresentação divertida, recheada de piadas e descontracção, a psicóloga conseguiu que a plateia se conhecesse por meio de temas mais íntimos, daqueles que não se partilham com estranhos. "Qual foi a coisa mais bela que já viram hoje? Contem a alguém sentado próximo de vocês, mas que não conheçam", pedia Helena Marujo, dando início ao exercício. Sentada na fila em frente à minha, Sofia, uma das participantes, roda meio corpo para trás, pára o olhar no meu, como que a questionar a escolha, e atira: "Isto não é nada fácil com alguém desconhecido!" E de facto não foi, mas acabámos por conversar.
A cada nova pergunta que Helena Marujo fazia, trocávamos de parceiro. A ideia era que rodássemos pela sala, que conhecêssemos gente nova e que, no final da conversa, agradecêssemos à pessoa com quem trocávamos umas intimidades entre piadinhas e risadas.
Gratidão. Esta é, de acordo com a especialista, uma das muitas ferramentas positivas a que se deve recorrer se a ideia é gerar felicidade, bom ambiente e ultrapassar obstáculos: "Os estudos mostram que quem tem níveis de optimismo mais elevados tem também mais capacidade de lidar melhor com as situações desagradáveis", explica Marujo. Ser optimista, diz a investigadora, acarreta diversos elementos que devem ser trabalhados aos longo da vida (ver componentes para o bem-estar).
No final da palestra, Helena Marujo não abandona o palco sem resumir o que é este lema de ''ser positivo'': "É possível ver tanta coisa na mesma realidade. Se há alturas em que não conseguimos deixar o pessimismo? Sim. Mas não deixam de ser uma escolha". Escolha essa que, garante o moderador João Catalão, administrador da YouUp, The Coaching Company, é uma base importante para o segredo da felicidade: "Ninguém vai ter o que merece, apenas o resultado daquilo que investiu."
Qualificação vs. talento Mais do que conhecimento, a sociedade exige vocação e estratégias de valorização que permitam às pessoas manifestá-lo. "A mudança exige esforço, mas o meu cérebro não é mais forte do que eu", assegura João Catalão, lembrando que "querer" deve ser o verbo de eleição para qualquer tarefa que queiramos desempenhar, seja ela ultrapassar uma crise ou descobrir a inclinação escondida. O mote serve para fazer entrar em cena o próximo orador. Rui Fiolhais é gestor do Programa Operacional Potencial Humano e veio falar de talento.
Como o descobrir? E como trabalhar o seu talento? Convém saber que a vocação não tem de ser uma aptidão natural. E que se houver habilidade e disposição, ela se revela: "O talento não é divino. Dá muito trabalho. Além disso é tímido. Mas toda a gente tem uma graça, seja ela qual for", acredita o ex-assessor do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social. É por isso que muitas pessoas não o descobrem.
"Para ser talentoso em alguma área é preciso estar disponível para o ser." O talento dá trabalho. Não só é necessária qualificação, como é preciso muita atitude, muito trabalho e muita dedicação. Rui Fiolhais, que nunca sequer tinha julgado que a sua vocação era descobrir e alimentar talentos, acrescenta que ''para isto andar tudo para a frente'' "é necessário reconhecermos e nutrirmos o talento dos outros".
Este é o ponto onde Portugal mais falha. Fiolhais não acredita que o nosso país tenha capacidade para apostar em pessoas talentosas: "Há políticas preparadas para reter e fazer crescer talentos? Não, infelizmente na maior parte dos casos é negativa", assegura. Uma incapacidade que leva muitos jovens a abandonar o país, tentando crescer lá fora. Mas não fosse esta uma conferência sobre optimismo e, ainda assim, Rui Fiolhais acredita que estamos no caminho certo: "Ninguém pode dizer que o nosso mundo e o nosso país não vão para a frente. Vão. Não há hipótese", conclui.
O método foi explicado ao i na conferência Talenting the Impossible, organizada pela Talenter - empresa que se dedica a encontrar e a cultivar talentos. Helena Marujo, investigadora e membro do Board of Directors da International Association of Positive Psychology, foi uma das oradoras na palestra que se realizou na sala principal do Teatro Tivoli. Através de uma apresentação divertida, recheada de piadas e descontracção, a psicóloga conseguiu que a plateia se conhecesse por meio de temas mais íntimos, daqueles que não se partilham com estranhos. "Qual foi a coisa mais bela que já viram hoje? Contem a alguém sentado próximo de vocês, mas que não conheçam", pedia Helena Marujo, dando início ao exercício. Sentada na fila em frente à minha, Sofia, uma das participantes, roda meio corpo para trás, pára o olhar no meu, como que a questionar a escolha, e atira: "Isto não é nada fácil com alguém desconhecido!" E de facto não foi, mas acabámos por conversar.
A cada nova pergunta que Helena Marujo fazia, trocávamos de parceiro. A ideia era que rodássemos pela sala, que conhecêssemos gente nova e que, no final da conversa, agradecêssemos à pessoa com quem trocávamos umas intimidades entre piadinhas e risadas.
Gratidão. Esta é, de acordo com a especialista, uma das muitas ferramentas positivas a que se deve recorrer se a ideia é gerar felicidade, bom ambiente e ultrapassar obstáculos: "Os estudos mostram que quem tem níveis de optimismo mais elevados tem também mais capacidade de lidar melhor com as situações desagradáveis", explica Marujo. Ser optimista, diz a investigadora, acarreta diversos elementos que devem ser trabalhados aos longo da vida (ver componentes para o bem-estar).
No final da palestra, Helena Marujo não abandona o palco sem resumir o que é este lema de ''ser positivo'': "É possível ver tanta coisa na mesma realidade. Se há alturas em que não conseguimos deixar o pessimismo? Sim. Mas não deixam de ser uma escolha". Escolha essa que, garante o moderador João Catalão, administrador da YouUp, The Coaching Company, é uma base importante para o segredo da felicidade: "Ninguém vai ter o que merece, apenas o resultado daquilo que investiu."
Qualificação vs. talento Mais do que conhecimento, a sociedade exige vocação e estratégias de valorização que permitam às pessoas manifestá-lo. "A mudança exige esforço, mas o meu cérebro não é mais forte do que eu", assegura João Catalão, lembrando que "querer" deve ser o verbo de eleição para qualquer tarefa que queiramos desempenhar, seja ela ultrapassar uma crise ou descobrir a inclinação escondida. O mote serve para fazer entrar em cena o próximo orador. Rui Fiolhais é gestor do Programa Operacional Potencial Humano e veio falar de talento.
Como o descobrir? E como trabalhar o seu talento? Convém saber que a vocação não tem de ser uma aptidão natural. E que se houver habilidade e disposição, ela se revela: "O talento não é divino. Dá muito trabalho. Além disso é tímido. Mas toda a gente tem uma graça, seja ela qual for", acredita o ex-assessor do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social. É por isso que muitas pessoas não o descobrem.
"Para ser talentoso em alguma área é preciso estar disponível para o ser." O talento dá trabalho. Não só é necessária qualificação, como é preciso muita atitude, muito trabalho e muita dedicação. Rui Fiolhais, que nunca sequer tinha julgado que a sua vocação era descobrir e alimentar talentos, acrescenta que ''para isto andar tudo para a frente'' "é necessário reconhecermos e nutrirmos o talento dos outros".
Este é o ponto onde Portugal mais falha. Fiolhais não acredita que o nosso país tenha capacidade para apostar em pessoas talentosas: "Há políticas preparadas para reter e fazer crescer talentos? Não, infelizmente na maior parte dos casos é negativa", assegura. Uma incapacidade que leva muitos jovens a abandonar o país, tentando crescer lá fora. Mas não fosse esta uma conferência sobre optimismo e, ainda assim, Rui Fiolhais acredita que estamos no caminho certo: "Ninguém pode dizer que o nosso mundo e o nosso país não vão para a frente. Vão. Não há hipótese", conclui.
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