RR on-line, 20090211
Graça Franco
Temos de desafiar o pior dos medos: o de arriscarmos pensar pelas nossas cabeças, afrontando um pensamento único que nos vai impondo subtilmente uma cultura de concordância acéfala e cúmplice com muito disparate.
Somos uma sociedade tolhida pelo MEDO. Foi assim que ontem, desassombradamente, nos caracterizou o ex-presidente da República Ramalho Eanes. “Uma sociedade com medo dos medos. Medo do presente, medo do futuro, medo pelos filhos, pela sorte dos pais, medo pelo emprego, medo dos poderes políticos”.
É uma verdade que o general nos recorda em jeito de aviso à navegação: porque é preciso quebrar o ciclo do medo para conseguir passar este novo cabo das tormentas da crise, no turbilhão global onde nos encontramos.
Mas, como bem lembrou o general, também há razões para a esperança: temos hoje uma sociedade civil que “não só alterou a sua relação com o poder político, dessacralizando-o, como vai mostrando interesse em o julgar, que ganhou um acrescido valor operativo com o associativismo livre”.
Assim sejamos nós capazes de aproveitar esse novo potencial de acção.
Mas, até para o conseguirmos, teremos de recuperar a confiança, não apenas em Portugal e nos portugueses, mas em cada um de nós, desafiando o pior dos medos: o de arriscarmos pensar pelas nossas cabeças, afrontando um pensamento único que nos vai impondo subtilmente uma cultura de concordância acéfala e cúmplice com muito disparate.
É urgente perder o medo a falar verdade!
Graça Franco
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