RR on-line, 20090225
Graça Franco
Metade da comida que actualmente se produz no mundo é desperdiçada. Não fosse assim e não só chegaria para alimentar a totalidade da população mundial como aquela que se prevê venha a existir em 2050.
Para os católicos de todo o mundo, começa hoje a Quaresma. Um tempo especial de preparação para a Páscoa. A grande festa do Cristianismo.
Para estes mais de mil e cem milhões, esta Quarta-feira ficará marcada pela prática do jejum. Mas, se para a maior parte dos cerca de 280 milhões que habita na Europa, um dia de privação voluntária de alimentos será, sobretudo, razão para dar graças pela sua abundância, nos restantes dias do ano, para a quase totalidade dos 150 milhões que habita em África, o mais provável é que este seja apenas um dia com a mesma fome de outro qualquer…
Apesar de trinta anos de progressos - segundo o Banco Mundial - há ainda hoje mais de mil e 400 milhões de pobres que vivem com pouco mais de um dólar por dia.
Um estudo da ONU revelou-nos, esta semana, um dado ainda mais chocante: metade da comida que actualmente se produz no mundo é desperdiçada. Não fosse assim e não só chegaria para alimentar a totalidade da população mundial como aquela que se prevê venha a existir em 2050. Para isso, bastava que se aumentasse a eficiência na cadeia alimentar e se combatesse o desperdício.
Um terço do leite produzido nunca é bebido. Um quarto da produção americana de frutos e vegetais apodrece na distribuição. Metade do lixo dos aterros australianos é constituída por restos alimentares. Um terço dos alimentos comprados na Grã-Bretanha nunca é ingerido.
Em tempos de crise, um mundo assim devia fazer-nos corar de vergonha. Basta querer para mudar.
Graça Franco
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