FMI
DESTAK |26 | 01 | 2011 20.14H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
Toda a gente sabe que o principal perigo que Portugal enfrenta é o FMI. Se cairmos nas suas mãos estaremos perdidos. Se é assim tão horrível, porque não tentar influenciá-lo a nosso favor? A nossa diplomacia podia usar os seus contactos junto dos países sócios da instituição para conseguir alguma ajuda. Existe pelo menos um dos membros mais antigos do FMI, participante há precisamente 50 anos, que será bastante favorável às nossas posições: Portugal.Isto mostra a tolice do que se diz por aí. O FMI não é um papão internacional, mas uma organização criada em 1944, na célebre reunião de Bretton Woods, com o único propósito de ajudar países em dificuldades financeiras. Portugal não só não é vítima do Fundo, mas um dos sócios, tendo aderido em 1960.
Mais, somos lá famosos por termos protagonizado dois dos maiores sucessos da sua longa história. Os nossos acordos assinados em Maio de 1978 e Outubro de 1983 conseguiram por duas vezes uma recuperação rápida e segura de credibilidade.
Antes de sermos o «bom aluno europeu», fama que desperdiçámos para nos enfiarmos na actual crise, tínhamos sido o bom aluno do FMI. A European Financial Stability Facility (EFSF), que agora tanto tememos, foi criada em 9 de Maio de 2010 pelos nossos antigos professores, UE e FMI, para ajudar países em apertos.
Demonizar aquela que será a nossa salvação na enorme dificuldade em que nos metemos é sumamente irresponsável. A única explicação é que os que gemem esses medos são precisamente aqueles que criaram o problema que nos lança nas mãos do FMI.
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