O tempo da irresponsabilidade
POVO 04.07.17
"Na política, a estupidez não é uma desvantagem."
Napoleão Bonaparte
O meu pai chamava-me muitas vezes à atenção os artigos da Inês Teotónio Pereira. Era a sua maneira de me fazer companhia na tarefa educativa de vários filhos. Apesar de ter menos filhos que ela, identifico-me com muitas coisas que ela conta e lembro-me bem que nos rimos os dois quando ela descreveu as férias da sua família e as comparou ao método de trabalho do governo socialista, ironicamente descrito como o tempo da irresponsabilidade:
"eu copiei António Costa quando no outro dia o meu filho de 3 anos fez xixi no sofá: também não fiz nada. Para mim, aquele xixi é um não assunto. Apenas pendurei a almofada na varanda e fui dar um mergulho."
Há poucos meses atrás, esquerda e direita indignaram-se em conjunto e pediam a demissão do líder do eurogrupo, por uma boca que os ofendeu a eles (e presumivelmente a todos os portugueses se tivessem ouvido). Ofendidos de morte, pediram a sua demissão. Agora que mais de 60 pessoas estão efectivamente mortas e outras tantas presumivelmente o serão com material de guerra português, onde está a responsabilidade política? Foi de Férias...
"A demissão não deve ser considerada um acto de fraqueza, mas uma acção ética que manifesta a natureza daqueles que servem a causa pública, perante acontecimentos inglórios que acontecem durante a sua governação. Para que os cidadãos voltem a ganhar confiança na administração do Estado, hoje mais do que nunca, precisamos de pessoas ao serviço do interesse público que sejam capazes e tenham carácter. E precisamos que aqueles que não são assim, se demitam." Lê-se neste artigo interessante que analisa o comportamento do governo do Kosovo.
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