Felicidade
Pe. RODRIGO LYNCE DE FARIA 12-06-17
Todos nós desejamos ser felizes. É algo normal, espontâneo e evidente. E também o é a noção de que a felicidade depende, em parte, do nosso esforço e empenho.
No entanto, convém acrescentar que existe um perigo real de nos obcecarmos com o desejo de “ser felizes”. Isso não é nunca positivo, porque, ao ser uma atitude exagerada, nos faz precisamente perder aquilo que buscamos com tanta determinação.
Se procurarmos com demasiada decisão a serenidade, a paz e até a própria felicidade, podemos não as alcançar nunca. Isso porque todos estes bens — que qualquer um de nós deseja — não são fins em si mesmos. São efeitos de uma vida vivida em plenitude.
Para se ser feliz, não é solução repetir-se constantemente a si próprio: “Tenho de ser feliz”. Tenho, isso sim, de encontrar um motivo que me faça feliz, que me ajude a manter a serenidade diante das inevitáveis contrariedades. E esse motivo encontra-se para lá da própria felicidade.
Por isso, devemos procurar metas fora de nós mesmos, pondo em movimento uma das maiores capacidades que temos pelo facto de sermos seres espirituais: a capacidade de nos autotranscendermos.
Em que consiste essa capacidade?
Em podermos dirigir-nos para fora de nós mesmos. Afinal, como diz o famoso aforismo, “a porta da felicidade abre-se para fora”.
Assim como não tem sentido atirar uma flecha sem apontar para um alvo, também não tem sentido que a nossa vida careça de uma meta para a qual nos dirigimos. Quando alguém põe a meta em si mesmo, não só não encontra a felicidade como, de algum modo, desistiu de a alcançar.
Pelo contrário, quando uma pessoa encontra o sentido da sua vida e procura que ele influencie o seu actuar, descobre a verdadeira felicidade, porque “caminha para ela”. É esse caminhar, que inclui renúncias, que o faz verdadeiramente feliz.
Comentários