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DESTAK |11 | 04 | 2012   19.47H

João César das Neves | naohaalmocosgratis@ucp.pt

A Espanha vive uma crise profunda, com desemprego brutal, forte recessão e inúmeros desequilíbrios. Isso significa que nenhum investidor estrangeiro está interessado em apostar no país. Errado! Uma multinacional planeia um projecto gigantesco de 16 mil milhões de euros.
Infelizmente é o tipo errado de investidor… Las Vegas Sands é uma colossal empresa de jogo, dona de dois dos maiores casinos de Las Vegas, o Pallazo e o Venetian, este no local do histórico Sands Hotel, um dos mais antigos da cidade do pecado. Possui também o Marina Bay Sands em Singapura e o Venetian Macao, junto com múltiplos outros hotéis e casinos em várias zonas do mundo.
Agora planeia criar a Euro Vegas, um mega parque de apostas e divertimento, para atrair visitantes de toda a Europa. A localização está em dúvida entre Madrid e Barcelona. Compreende-se que a ideia seja acolhida com alegria e alívio pela sacrificada economia espanhola, contemplando a enorme quantidade de empregos, turistas, despesas e negócios que este projecto vai despoletar. Provavelmente os vizinhos, França, Itália e Portugal, andam invejosos da sorte que bafeja Espanha. Com a crise, vem mesmo a jeito.
Se no meio desta discussão alguém se atrever a referir a natureza ambígua da actividade, pode facilmente ser descartado como moralista, num tempo vazio de referências e valores. Mas um mega parque de jogo, como os que a América e a Ásia já têm, não é coisa boa. Quaisquer que sejam os benefícios económicos, com a Euro Vegas desceremos mais um degrau na decadência civilizacional.