Cardeais, uma história de séculos

Colaboradores mais próximos do Papa chegam hoje de todo o mundo, mas mantêm relação especial com a Igreja de Roma
A história dos cardeais nasce na Igreja de Roma e, desde sempre, foram considerados conselheiros e colaboradores do papa. Apesar de haver referências anteriores ao título, é no século XI que os cardeais passam a ter uma função mais próxima do que são hoje.
Em 1050, para contrariar as disputas entre várias famílias de Roma que queriam dominar o papado, o Papa Leão IX (1049-54) chama vários homens que considera capazes de o ajudar a reformar a Igreja.
Nove anos depois, Nicolau II decide que o Papa passa a ser eleito apenas pelos cardeais, abandonando de vez a tradição de ser o clero e os fiéis a escolherem o seu bispo. Um século depois, institui-se o Sacro Colégio, designação abandonada pelo Direito Canónico em 1983.
Desde 1150, formam um colégio cardinalício, com um Decano e um Camerlengo, que funciona como administrador dos bens. No século XII começaram a ser nomeados cardeais alguns prelados que residiam fora de Roma.
Em 1334 havia 20 cardeais, longe dos 70 instituídos em 1586 pelo Papa Sixto V. Esse número manteve-se por quatro séculos até João XXIII (1958-1963).
Hoje, os cardeais - designados como "príncipes da Igreja", com o título de eminência - "constituem um colégio peculiar, ao qual compete providenciar à eleição do Romano Pontífice", como refere o Código de Direito Canónico (cânone 349). Cabe-lhes também auxiliar o Papa "quer agindo colegialmente" para tratar de "assuntos de maior importância", quer individualmente.
Paulo VI fixou em 120 o número de Cardeais eleitores do Papa e estabeleceu como limite para a possibilidade de votar os 80 anos, disposições que foram confirmadas por João Paulo II e Bento XVI que, pontualmente, excederam o número estabelecido, derrogando a norma.
O Papa polaco realizou nove consistórios, durante os quais criou 232 Cardeais, um dos quais “in pectore”. Outros seis consistórios extraordinários (1979, 1982, 1985, 1991, 1994 e 2001) serviram ao Papa para consultar os Cardeais sobre a reorganização da Cúria Romana, as finanças da Santa Sé, o escândalo do banco Ambrosiano que atingiu o Instituto de Obras da Religião, o "banco do Vaticano", as "ameaças à vida" e o desafio das seitas, a preparação do jubileu do ano 2000 e as perspectivas para o novo milénio.
Bento XVI, Papa desde 2005, criou 62 cardeais, em três consistórios (2006, 2007, 2010).
Seguindo uma antiga tradições, o colégio cardinalício está divido em três ordens: cardeais-bispos, cardeais-presbíteros e cardeais-diáconos.
Apenas seis cardeais pertencem à ordem dos cardeais-bispos, entre os quais se inclui D. José Saraiva Martins. O Decano do colégio cardinalício (actualmente o cardeal Angelo Sodano) assume sempre a diocese de Óstia aquando da sua nomeação, mantendo igualmente a diocese suburbicária (localizada ao redor de Roma) de que era titular.
Pelo motu proprio "Purpuratorum patrum", de Paulo VI os patriarcas de rito oriental incorporados no colégio cardinalício fazem também parte da ordem dos cardeais-bispos, sem que lhes seja atribuída uma das sete igrejas suburbicárias.
A maioria dos cardeais pertencem à ordem dos cardeais-presbíteros, e a cada um destes é confiado um título na cidade de Roma. A cada cardeal-diácono é confiada uma diaconia na mesma cidade.
O Papa João XXIII, pelo motu proprio "Cum gravissima", de 15 de Abril de 1962, conservou a divisão do colégio cardinalício nas três ordens referidas, mas dispôs que todos os cardeais devem receber a ordenação episcopal (embora o Papa os possa dispensar do mesmo, por exemplo, devido à idade avançada).
Nacional | Agência Ecclesia | 2010-11-19 | 18:00:06 | 4328 Caracteres | História da Igreja

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