Impacto da declaração deixa médicos divididos
DN2010.11.21
por P.S.T.
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Lino Rosado fala em passo "extremamente interessante". Maymone Martins defende que a Igreja sempre pensou assim
Para Maymone Martins, cardiologista pediátrico e antigo presidente da Associação dos Médicos Católicos Portugueses, a admissão de Bento XVI não representa qualquer mudança de pensamento na Igreja Católica.
Já Lino Rosado, pediatra que há muitos anos acompanha crianças seropositivas, acredita que estamos perante um passo "extremamente interessante".
Maymone Martins defende que a Igreja nunca combateu o uso do preservativo para prevenir doenças sexualmente transmissíveis, apenas apontando outros caminhos: "O que tenho visto a Igreja defender são relações sexuais integradas na vida conjugal e uma vida conjugal fiel", argumenta. "No contexto de uma vida com vários parceiros sexuais, compreende-se que o preservativo seja usado. O que a Igreja defende é que essa não é a sexualidade que as pessoas devem procurar."
Já Lino Rosado considera que a atitude do Papa demonstra "uma abertura muito grande para a realidade" que, além de "extremamente interessante" e "muito louvável" vai "naturalmente influenciar muitos católicos".
Isto, apesar de o pediatra não concordar com o carácter de excepção que o Papa atribuiu ao uso de contraceptivos nem com a defesa, pelo Sumo Pontífice, de que este "não é o modo verdadeiro e próprio de vencer o VIH".
"É certamente um caminho", contrapõe o clínico, para quem a concepção católica do que deve ser a sexualidade até poder ser "a ideal", mas não reflecte os factos.
O clínico lembra "o aumento significativo de casos de VIH entre heterossexuais", e cita um estudo recente, português, em que os adolescentes "demonstravam conhecimento em relação às doenças sexualmente transmissíveis e, ainda assim, a grande maioria tinha tido relações desprotegidas. O uso do preservativo em relações sexuais, especiais e não especiais, é muito importante", alerta
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