Jornalismo

DESTAK | 07 | 05 | 2009   08.32H

João César das Neves

O Expresso da semana passada (1 de Maio) incluiu na secção Internacional uma grande peça em duas páginas intitulada "Desgoverno no Vaticano". O conteúdo era mexeriquice assumida, boatos tontos, distorções, calúnias.

A coisa não melhora por os textos serem de um «correspondente em Roma» e incluir uma entrevista com o suposto «'vaticanólogo' mais rigoroso e independente do mundo» (como sabe?). Para confirmar o nível, a maior parte do espaço era ocupada por uma enorme caricatura enxovalhante do Papa.

Uma coisa destas é muito informativa, não sobre a Santa Sé, mas sobre o Expresso. É o jornal que fica mal visto perante tal material. Porque o que está em causa não é informação, opinião ou ideologia.

A verdadeira questão é profissionalismo, dignidade, elevação. Mesmo quando a imprensa decide atacar alguma personagem, como o faz regulamente, é necessário manter os mínimos de decência e objectividade.

Habituámo-nos ao tratamento hostil e persecutório que a imprensa tem dedicado a Bento XVI, tão diferente da paixão mediática por João Paulo II.

As posições da Igreja sobre os temas decisivos não mudaram, mas agora elas são tratadas com desprezo e ironia, enquanto antes eram respeitadas ou ao menos toleradas. É fácil entender a terrível tentação do jornalista de utilizar o enorme poder das páginas de um semanário para descarregar as suas raivas ou caprichos pessoais.

Uma publicação respeitável tem de reprimir tais instintos. Isso deve-o o Expresso, não à Igreja ou Vaticano, mas à sua própria identidade como jornal de referência.

João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt

Comentários

Nuno disse…
Eu deixei de comprar o Expresso como protesto. Não quer dizer que não volte a comprar, mas, por agora não compro.
Flora Teixeira e Costa disse…
Carta ao director a propósito do artigo do sr. RD “Desgoverno no Vaticano”
Senhor director queria apenas dar este recadinho sem mais. Óh sr. Rossend Domènech, o senhor é parvo ou julga descaradamente que nós somos todos parvos? O seu artigo parece a redacção de um miúdo do liceu que inventa indiscriminadamente. Começa logo no início com um parágrafo acerca de dois eventuais padres de cuja conversa foi ouvido eventualmente um excerto que supostamente dizia, referindo-se ao Papa: “Não há quem o aguente”. O que é que é suposto que o bando de carneiros acéfalos façamos nesse momento? Acreditar piamente que essa conversa foi ouvida sem referência a pessoas concretas nem a factos concretos? Continua o senhor por ali adiante com uma superficialidade atroz. Provavelmente queria que o Papa defendesse a doutrina do islão e não a doutrina da sua Igreja não? Os seus argumentos são intelectualmente tão vazios! Não vivi no tempo do sr. Chesterton mas tenho a certeza que seria uma delícia intelectual toparmo-nos com um artigo desse personagem. Mas o que é que o século XXI tem para nos oferecer? Banalidades…bah! Senhor director, sinto-me, além do mais, roubada porque o dinheiro que estou a dar pelo vosso jornal não compensa. Pensava que o Expresso tinha melhores jornalistas! Para mim só há uma solução garanto, e não é difícil perceber qual será! Apetece-me usar a frase tristemente célebre de outro personagem do século XXI “Alcochete jamais…”!
Flora Teixeira e Costa (professora universitária, florac@ufp.edu.pt)

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