"Alcançar felicidade e propagar o sentimento aos outros, para que mais pessoas tenham vontade de viver e não de acabar com a vida"
25.03.2018 http://comercioenoticias.pt
Conferência sobre Eutanásia exorta paroquianos a alcançar felicidade através do Evangelho e propagar o sentimento aos outros, para que mais pessoas tenham vontade de viver e não de acabar com a vida
A Eutanásia, os “desafios” da atualidade para a educação, com atenção especial à juventude, “os riscos e perigos” que a sociedade está a tomar na cultura presente, e as “contra-propostas da fé cristã”, foram temas refletidos durante uma conferência no Centro Pastoral de Salir de Matos, nas Caldas da Rainha, no passado dia 18 de março, que contou como orador convidado, o padre Carlos Azevedo, Capelão do Hospital Pediátrico Dona Estefânia, em Lisboa.
Em declarações ao Comércio e Notícias, o sacerdote do Patriarcado de Lisboa revelou que a “apostasia do bem-estar” manifesta “muitas vezes” na atitude de “não sermos capazes de tolerar” tudo aquilo que não envolve essa condição, como o “comodismo, que buscamos constantemente”, e a também chamada, “zona de conforto”.
“Cada vez que a nossa vida sai tantas vezes dessa dimensão, nós sabemos que colocamos tudo em causa”, lembrou o responsável, com o alerta para a existência de “uma série de perigos” que a “humanidade vive”, utilizando uma “mentalidade utilitarista”, para “esta cultura de morte, que às vezes pode correr o risco de alimentar”.
O padre Carlos Azevedo, lida todos os dias com as alegrias, esperanças e perdas das famílias, e já testemunhou muitos casos em que o sofrimento foi porta para uma aproximação a Deus. Este capelão, que há mais de 15 anos colabora na missão da assistência espiritual e religiosa daquela unidade de saúde, especialmente dedicada às crianças, disse ao Comércio & Notícias que o “desafio” passa essencialmente pela felicidade com base no “Evangelho”.
“Se nós somos felizes a partir do Evangelho, e o Evangelho desafia-nos não só a sermos felizes pessoalmente, mas também a sermos capazes de fazer felizes os outros, isso fará com que certamente mais pessoas tenham vontade de viver e não de acabarem com a vida”, reforçou.
Com organização da paróquia de Santo António de Salir de Matos, a conferência no IV Domingo da Quaresma teve a participação da comunidade paroquial e de alguns paroquianos das comunidades vizinhas, entre elas, Coto, Tornada e Caldas da Rainha. O orador convidado abordou os “desafios grandes” alusivos às mensagens que “todos” devem transmitir e oferecer ao mundo de hoje, mostrando que a “cura física” é possível junto de uma “conversão espiritual”.
O sacerdote apontou que independentemente da idade de cada um, é frequente se cair no comodismo, de pensar o porquê e a culpa de tudo o que está a acontecer; é “mais fácil” desculpar com todos os outros, do que fazer a sua parte. “Eu conheço fregueses que têm 40 e 50 anos e a culpa da sua vida não ganhar jeito, ainda é dos seus pais, alguns dos casos, os quais já morreram há décadas. É verdade que todos nós temos um bocadinho dessa herança boa ou menos boa. Mas no que diz respeito à nossa vida ganhar rumo, no que diz respeito muitas vezes a emancipar e crescer, a culpa continua a ser dos outros que não pegam em mim quando a água se agita”, manifestou.
“Eu próprio digo, já vou quase com quarenta e isto continua. Às vezes eu tenho uma tentação terrível: eu sou assim, o meu pai e a minha mãe sempre foram assim, eles educaram-me assim e eu sou assim. Como eu depois não tivesse nem inteligência, nem sabedoria, nem força, para fazer um bocadinho diferente”, testemunhou. Para o padre Carlos Azevedo, “a nossa catequese e os nossos formadores”, têm a responsabilidade muitas vezes de alertar para esta realidade, “e afinal de contas, é isto que Jesus vem fazer e nos dizer, e é isso que nós temos como missão de passar”.
Para o capelão do Hospital Pediátrico Dona Estefânia, uma das coisas mais bonitas que “nos faz ser cristãos, é o facto deste Senhor que nós seguimos, quando nos convida a fazer um caminho, ele próprio já o ter feito; Cristo não veio só para dizer, mas veio para fazer”. “Todos os mestres poderão ser importantes, se forem uma boa referência para a nossa vida. Se nos ajudarem a ser mais felizes, se nos ajudarem a ser mais amigos de nós próprios e mais amigos uns dos outros, todos os mestres são importantes”, realçou. Da mesma forma que Jesus Cristo “não impõe o milagre, apenas propõe”, os crentes são chamados a acolher o Evangelho, que é Jesus. Uma proposta que todos não devem deixar de fazer – “anunciá-lo”.
“O Evangelho é um caminho de felicidade. Este caminho não é para pessoas sem problemas, é sim, para gente que não é comandada pela enxerga, ela pode ser algo que nos prenda ao chão e nos faça ficar ali; ou pode ser uma coisa que, apesar de existir e de fazer parte da nossa vida, não nos trava”, sustentou o orador, pedindo para que os cristãos não justifiquem os seus “problemas com a razão”, para não serem felizes.
Perante a população idosa ali presente, o padre Carlos Azevedo disse ainda que ficará contente quando o reumático lhe bater à porta, é sinal que já lá chegou. “Eu conheço muita gente que nunca teve reumático, e até posso dizer cinco nomes que nunca irão ter. Esta semana cinco crianças morreram. Ambas nunca vão ter a hipótese de pegar na enxerga, neste caso, aqui na canadiana, e pôr-se ao caminho”, partilhou o capelão com o “exemplo” que “todos precisamos de tomar consciência”, certificando que não é o reumático que manda, mas a nossa vontade de ir mais além, de fazer caminho.
Conferência sobre Eutanásia exorta paroquianos a alcançar felicidade através do Evangelho e propagar o sentimento aos outros, para que mais pessoas tenham vontade de viver e não de acabar com a vida
A Eutanásia, os “desafios” da atualidade para a educação, com atenção especial à juventude, “os riscos e perigos” que a sociedade está a tomar na cultura presente, e as “contra-propostas da fé cristã”, foram temas refletidos durante uma conferência no Centro Pastoral de Salir de Matos, nas Caldas da Rainha, no passado dia 18 de março, que contou como orador convidado, o padre Carlos Azevedo, Capelão do Hospital Pediátrico Dona Estefânia, em Lisboa.
Em declarações ao Comércio e Notícias, o sacerdote do Patriarcado de Lisboa revelou que a “apostasia do bem-estar” manifesta “muitas vezes” na atitude de “não sermos capazes de tolerar” tudo aquilo que não envolve essa condição, como o “comodismo, que buscamos constantemente”, e a também chamada, “zona de conforto”.
“Cada vez que a nossa vida sai tantas vezes dessa dimensão, nós sabemos que colocamos tudo em causa”, lembrou o responsável, com o alerta para a existência de “uma série de perigos” que a “humanidade vive”, utilizando uma “mentalidade utilitarista”, para “esta cultura de morte, que às vezes pode correr o risco de alimentar”.
O padre Carlos Azevedo, lida todos os dias com as alegrias, esperanças e perdas das famílias, e já testemunhou muitos casos em que o sofrimento foi porta para uma aproximação a Deus. Este capelão, que há mais de 15 anos colabora na missão da assistência espiritual e religiosa daquela unidade de saúde, especialmente dedicada às crianças, disse ao Comércio & Notícias que o “desafio” passa essencialmente pela felicidade com base no “Evangelho”.
“Se nós somos felizes a partir do Evangelho, e o Evangelho desafia-nos não só a sermos felizes pessoalmente, mas também a sermos capazes de fazer felizes os outros, isso fará com que certamente mais pessoas tenham vontade de viver e não de acabarem com a vida”, reforçou.
Com organização da paróquia de Santo António de Salir de Matos, a conferência no IV Domingo da Quaresma teve a participação da comunidade paroquial e de alguns paroquianos das comunidades vizinhas, entre elas, Coto, Tornada e Caldas da Rainha. O orador convidado abordou os “desafios grandes” alusivos às mensagens que “todos” devem transmitir e oferecer ao mundo de hoje, mostrando que a “cura física” é possível junto de uma “conversão espiritual”.
O sacerdote apontou que independentemente da idade de cada um, é frequente se cair no comodismo, de pensar o porquê e a culpa de tudo o que está a acontecer; é “mais fácil” desculpar com todos os outros, do que fazer a sua parte. “Eu conheço fregueses que têm 40 e 50 anos e a culpa da sua vida não ganhar jeito, ainda é dos seus pais, alguns dos casos, os quais já morreram há décadas. É verdade que todos nós temos um bocadinho dessa herança boa ou menos boa. Mas no que diz respeito à nossa vida ganhar rumo, no que diz respeito muitas vezes a emancipar e crescer, a culpa continua a ser dos outros que não pegam em mim quando a água se agita”, manifestou.
“Eu próprio digo, já vou quase com quarenta e isto continua. Às vezes eu tenho uma tentação terrível: eu sou assim, o meu pai e a minha mãe sempre foram assim, eles educaram-me assim e eu sou assim. Como eu depois não tivesse nem inteligência, nem sabedoria, nem força, para fazer um bocadinho diferente”, testemunhou. Para o padre Carlos Azevedo, “a nossa catequese e os nossos formadores”, têm a responsabilidade muitas vezes de alertar para esta realidade, “e afinal de contas, é isto que Jesus vem fazer e nos dizer, e é isso que nós temos como missão de passar”.
Para o capelão do Hospital Pediátrico Dona Estefânia, uma das coisas mais bonitas que “nos faz ser cristãos, é o facto deste Senhor que nós seguimos, quando nos convida a fazer um caminho, ele próprio já o ter feito; Cristo não veio só para dizer, mas veio para fazer”. “Todos os mestres poderão ser importantes, se forem uma boa referência para a nossa vida. Se nos ajudarem a ser mais felizes, se nos ajudarem a ser mais amigos de nós próprios e mais amigos uns dos outros, todos os mestres são importantes”, realçou. Da mesma forma que Jesus Cristo “não impõe o milagre, apenas propõe”, os crentes são chamados a acolher o Evangelho, que é Jesus. Uma proposta que todos não devem deixar de fazer – “anunciá-lo”.
“O Evangelho é um caminho de felicidade. Este caminho não é para pessoas sem problemas, é sim, para gente que não é comandada pela enxerga, ela pode ser algo que nos prenda ao chão e nos faça ficar ali; ou pode ser uma coisa que, apesar de existir e de fazer parte da nossa vida, não nos trava”, sustentou o orador, pedindo para que os cristãos não justifiquem os seus “problemas com a razão”, para não serem felizes.
Perante a população idosa ali presente, o padre Carlos Azevedo disse ainda que ficará contente quando o reumático lhe bater à porta, é sinal que já lá chegou. “Eu conheço muita gente que nunca teve reumático, e até posso dizer cinco nomes que nunca irão ter. Esta semana cinco crianças morreram. Ambas nunca vão ter a hipótese de pegar na enxerga, neste caso, aqui na canadiana, e pôr-se ao caminho”, partilhou o capelão com o “exemplo” que “todos precisamos de tomar consciência”, certificando que não é o reumático que manda, mas a nossa vontade de ir mais além, de fazer caminho.
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