Cuidados Continuados: Combater a iliteracia sobre o que são as ECCI «é uma prioridade»
www.justnews.pt 13.11.2017
"Combater a iliteracia sobre o que são as equipas de cuidados continuados e integrados (ECCI) deve ser uma prioridade", afirma Manuel Lopes, coordenador da Comissão Nacional para a Reforma dos Cuidados Continuados e Integrados. O responsável participou no III Congresso de Serviço Social do Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC), onde alertou para o facto de “os cuidados de saúde primários referenciarem pouco para as ECCI”.
O Congresso, que decorreu a semana passada, foi realizado em parceria com o ISCTE, e teve como temática central “Conhecimento e Prática Interdisciplinar na Saúde”.
Foram várias as assistentes sociais e outros profissionais de saúde, bem como alunos de Serviço Social, que estiveram presentes e que escutaram o alerta de Manuel Lopes numa mesa redonda sobre “O Serviço Social como Elo na Resposta Integrada em Saúde".
“Tenho feito um esforço para me reunir com as USF e as UCSP e fiquei estupefacto pelo desconhecimento que existe sobre a Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados (RNCCI)", afirmou o responsável. Na sua opinião, é importante que "todos os profissionais – assistentes sociais, médicos, enfermeiros, etc. – sejam elementos difusores da existência deste apoio".
E relembrou: “A RNCCI está focada nos casos de dependência e na sua reabilitação, ou quando esta não é possível, na melhoria da qualidade de vida destes utentes.”
Manuel Lopes referiu-se ainda aos vários apoios comunitários, de diferentes setores, que existem para as pessoas que estão doentes e dependentes e também para os cuidadores informais. “Os recursos que temos não estão a ser cabalmente utilizados, existe uma panóplia de apoios em saúde, nalguns casos encadeados, que são subutilizados”, apontou.
E deu um exemplo: “Num estudo que decorreu no Alentejo, que teve como objetivo avaliar a funcionalidade dos idosos domiciliados, concluiu-se que 70% não tinham uma dentição funcional e que a maioria dos que tinham Complemento Solidário para Idosos não sabia que tinha direito ao cheque-dentista.”
Jorge Ferreira (diretor da Licenciatura em Serviço Social), Maria Augusta Lopes, Fernando Luís Machado (vice reitor do ISCTE) e Luís Nunes (diretor clínico CHLC) intervieram na Sessão de Abertura
Estatuto do Cuidador Informal
Manuel Lopes abordou ainda outra temática bastante em voga nos últimos tempos, que é a criação do Estatuto do Cuidador Informal. “É importante, mas não nos podemos esquecer dos recursos que já existem”, anuiu.
No seu entender, o facto de ainda não existir este estatuto não impede que se capacite os cuidadores. “Além das várias respostas que existem, até nos hospitais, durante o internamento, os profissionais de saúde deviam preparar a alta.”
O responsável salientou ainda que “a RNCCI também prevê o descanso do cuidador” e que se deve “desconstruir a ideia de que a maioria dos familiares são negligentes ou que abandonam quem está dependente; o que se vê, na maioria dos casos, é pessoas desesperadas, sem saber o que fazer”.
Acrescentou ainda que “80% dos cuidados prestados em casa são feitos pelo cuidador informal”, ou seja, mesmo que se tenha apoio de recursos da sociedade, a maioria do tempo é da responsabilidade destas pessoas. “Ainda ninguém calculou o valor económico destes cuidadores, mas se todos deixassem de prestar cuidados, os sistemas de proteção e de saúde acabariam por ruir”, enalteceu ainda Manuel Lopes.
Na mesma mesa redonda, moderada pela jornalista Maria João Garcia, foram também discutidas as "Potencialidades e constrangimentos das respostas sociais". O tema foi abordado por Sofia Borges Pereira, vogal do Conselho Diretivo da Segurança Social (SS) e representante da SS na Comissão Nacional para a Reforma dos CCI, e por Etelvina Ferreira, diretora da Direção do Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade da Misericórdia de Lisboa.
O evento contou ainda com a presença de um palestrante estrangeiro, Jeffrey Floersch, da Rutgers School of Social Work, EUA, que falou sobre a importância do conhecimento interdisciplinar e na relação entre a Saúde e o Serviço Social.
Das várias intervenções ao longo dos dois dias, destacou-se bastante o problema da protelação das altas hospitalares por motivos sociais, uma preocupação expressa pelos vários assistentes sociais que participaram no congresso.
A relevância do evento "para a área do Serviço Social na Saúde"
Comissão organizadora com elementos do CHLC e do ISCTE – Ana Cristina Teixeira, Fátima Ferreira, Patrícia Gomes, Inês Espírito Santo, Jorge Ferreira, Maria Augusta Lopes, Luís Frederico, Verónica Mendonça, Ana Ribeiro e Cláudia Soares
Maria Augusta Lopes, coordenadora do Serviço Social do CHLC e responsável pelo congresso, mostrou-se bastante satisfeita no final, fazendo questão de afirmar:
“É com especial agrado que constato a importância deste evento para a área do Serviço Social na Saúde, tendo proporcionado vários momentos de reflexão e debate sobre as questões mais prementes e novos desafios com que atualmente nos deparamos”.
"Diálogo interdisciplinar e interinstitucional na saúde"
Além de ter agradecido ao ISCTE, “parceiro de longa data, na pessoa do Prof. Jorge Ferreira”, Maria Augusta Lopes deixou também uma palavra de apreço pelos vários oradores que “nos trouxeram a sua experiência e conhecimento, proporcionando a reflexão, a partilha e diálogo interdisciplinar e interinstitucional na saúde”.
O Congresso, que decorreu a semana passada, foi realizado em parceria com o ISCTE, e teve como temática central “Conhecimento e Prática Interdisciplinar na Saúde”.
Foram várias as assistentes sociais e outros profissionais de saúde, bem como alunos de Serviço Social, que estiveram presentes e que escutaram o alerta de Manuel Lopes numa mesa redonda sobre “O Serviço Social como Elo na Resposta Integrada em Saúde".
“Tenho feito um esforço para me reunir com as USF e as UCSP e fiquei estupefacto pelo desconhecimento que existe sobre a Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados (RNCCI)", afirmou o responsável. Na sua opinião, é importante que "todos os profissionais – assistentes sociais, médicos, enfermeiros, etc. – sejam elementos difusores da existência deste apoio".
E relembrou: “A RNCCI está focada nos casos de dependência e na sua reabilitação, ou quando esta não é possível, na melhoria da qualidade de vida destes utentes.”
Manuel Lopes referiu-se ainda aos vários apoios comunitários, de diferentes setores, que existem para as pessoas que estão doentes e dependentes e também para os cuidadores informais. “Os recursos que temos não estão a ser cabalmente utilizados, existe uma panóplia de apoios em saúde, nalguns casos encadeados, que são subutilizados”, apontou.
E deu um exemplo: “Num estudo que decorreu no Alentejo, que teve como objetivo avaliar a funcionalidade dos idosos domiciliados, concluiu-se que 70% não tinham uma dentição funcional e que a maioria dos que tinham Complemento Solidário para Idosos não sabia que tinha direito ao cheque-dentista.”
Jorge Ferreira (diretor da Licenciatura em Serviço Social), Maria Augusta Lopes, Fernando Luís Machado (vice reitor do ISCTE) e Luís Nunes (diretor clínico CHLC) intervieram na Sessão de Abertura
Estatuto do Cuidador Informal
Manuel Lopes abordou ainda outra temática bastante em voga nos últimos tempos, que é a criação do Estatuto do Cuidador Informal. “É importante, mas não nos podemos esquecer dos recursos que já existem”, anuiu.
No seu entender, o facto de ainda não existir este estatuto não impede que se capacite os cuidadores. “Além das várias respostas que existem, até nos hospitais, durante o internamento, os profissionais de saúde deviam preparar a alta.”
O responsável salientou ainda que “a RNCCI também prevê o descanso do cuidador” e que se deve “desconstruir a ideia de que a maioria dos familiares são negligentes ou que abandonam quem está dependente; o que se vê, na maioria dos casos, é pessoas desesperadas, sem saber o que fazer”.
Acrescentou ainda que “80% dos cuidados prestados em casa são feitos pelo cuidador informal”, ou seja, mesmo que se tenha apoio de recursos da sociedade, a maioria do tempo é da responsabilidade destas pessoas. “Ainda ninguém calculou o valor económico destes cuidadores, mas se todos deixassem de prestar cuidados, os sistemas de proteção e de saúde acabariam por ruir”, enalteceu ainda Manuel Lopes.
Na mesma mesa redonda, moderada pela jornalista Maria João Garcia, foram também discutidas as "Potencialidades e constrangimentos das respostas sociais". O tema foi abordado por Sofia Borges Pereira, vogal do Conselho Diretivo da Segurança Social (SS) e representante da SS na Comissão Nacional para a Reforma dos CCI, e por Etelvina Ferreira, diretora da Direção do Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade da Misericórdia de Lisboa.
O evento contou ainda com a presença de um palestrante estrangeiro, Jeffrey Floersch, da Rutgers School of Social Work, EUA, que falou sobre a importância do conhecimento interdisciplinar e na relação entre a Saúde e o Serviço Social.
Das várias intervenções ao longo dos dois dias, destacou-se bastante o problema da protelação das altas hospitalares por motivos sociais, uma preocupação expressa pelos vários assistentes sociais que participaram no congresso.
A relevância do evento "para a área do Serviço Social na Saúde"
Comissão organizadora com elementos do CHLC e do ISCTE – Ana Cristina Teixeira, Fátima Ferreira, Patrícia Gomes, Inês Espírito Santo, Jorge Ferreira, Maria Augusta Lopes, Luís Frederico, Verónica Mendonça, Ana Ribeiro e Cláudia Soares
Maria Augusta Lopes, coordenadora do Serviço Social do CHLC e responsável pelo congresso, mostrou-se bastante satisfeita no final, fazendo questão de afirmar:
“É com especial agrado que constato a importância deste evento para a área do Serviço Social na Saúde, tendo proporcionado vários momentos de reflexão e debate sobre as questões mais prementes e novos desafios com que atualmente nos deparamos”.
"Diálogo interdisciplinar e interinstitucional na saúde"
Além de ter agradecido ao ISCTE, “parceiro de longa data, na pessoa do Prof. Jorge Ferreira”, Maria Augusta Lopes deixou também uma palavra de apreço pelos vários oradores que “nos trouxeram a sua experiência e conhecimento, proporcionando a reflexão, a partilha e diálogo interdisciplinar e interinstitucional na saúde”.
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