Papa Francisco :: Revolução da ternura II
CARTA DO PAPA FRANCISCO A JULIÁN CARRÓN (CL)
Reverendo Padre Julián,
agradeço-lhe e a toda a Fraternidade de Comunhão e Libertação os donativos, recolhidos durante as peregrinações, que generosamente quiseram enviar-me para as Obras de Caridade.
Faz bem ao meu coração e consola-me muito saber que, de mais de duzentos Santuários marianos na Itália e no mundo, tantas pessoas tomaram o caminho da misericórdia no espírito da partilha com os necessitados. Os pobres, com efeito, remetem-nos para o essencial da vida cristã. Santo Agostinho ensina-nos: “Há pessoas que mais facilmente distribuem todos os seus bens pelos pobres, em vez de tornarem-se elas mesmas pobres em Deus”. Esta pobreza é necessária porque descreve o que temos verdadeiramente no coração: a necessidade d’Ele. Por isso vamos ter com os pobres, não porque já sabemos que o pobre é Jesus, mas para voltar a descobrir que aquele pobre é Jesus. Santo Inácio de Loyola, por sua vez, acrescenta que: “a pobreza é mãe e é muro. A pobreza gera, é mãe, gera vida espiritual, vida de santidade, vida apostólica. E é muro, defende. Quantos desastres eclesiais começaram por falta de pobreza!”.
Num mundo lacerado pela lógica do lucro, que produz novas pobrezas e gera a cultura do desperdício, não desisto de invocar a graça de uma Igreja pobre e para os pobres. Não é um programa liberal, mas um programa radical, porque significa um regresso às raízes. O voltar às origens não é um dobrar-se sobre o passado, mas é força para um início corajoso dirigido ao amanhã. É a revolução da ternura e do amor. Por isso peço-vos também que unais as vossas intenções em torno deste objetivo. Desejo que trabalheis com serenidade e com frutos, e que testemunheis com coragem a autenticidade da vida cristã.
A todos e a cada um concedo, de todo o coração, a bênção do Senhor.
Por favor, não vos esqueçais de continuar a rezar por mim.
Francisco
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