Mulher que fez frente a um tanque venezuelano é de origem portuguesa
RTP.PT 22.04.17
Comoveu o mundo ao fazer frente às autoridades venezuelanas, que se preparavam para conter as manifestações de 19 de abril contra o Governo de Nicolás Maduro. Chama-se Maria José e é filha de pais portugueses.
Tornou-se num símbolo da oposição ao governo venezuelano, ao enfrentar os “Rinocerontes”, como são conhecidos os veículos que visam conter os distúrbios e manifestações. Os veículos seguiam na rua Francisco Fajardo, em Caracas, quando a mulher misteriosa decidiu fazer frente às forças de segurança.
Impassível ao avanço do tanque ou ao gás lacrimogéneo que lhe foi atirado para que se desviasse, a mulher manteve-se no caminho dos veículos. As imagens remetem de forma inevitável para os acontecimentos na Praça Tiananmen, em Pequim, a 5 de junho de 1989, quando um homem foi fotografado em frente a uma coluna de tanques, numa ação de protesto pacífica.
A atitude desta mulher, que muitos consideram heroica, contrasta com a falta de informações sobre a mesma. Especulou-se, logo após os protestos de quinta-feira, que pudesse ter sido detida pelas autoridades. A identidade da mulher, com uma bandeira da Venezuela amarrada ao pescoço, não foi revelada pelas autoridades.
Agora, tudo aponta para que a mulher seja de origem portuguesa. A informação não foi ainda confirmada pelas autoridades, mas a apresentadora de televisão venezuelana Karen Ferreira revelou que conhece a mulher e sabe que esta se encontra bem e em casa.
“Não posso dar detalhes e dados pessoas de forma a proteger a sua identidade e segurança. Não aceitou entrevistas nos meios de comunicação e muito menos anda à procura de fama”, revelou.
Segundo a repórter, a mulher disse apenas que “se entregou a Deus porque sabia que este a protegeria”. Mais acrescentou que a sua luta é “recuperar o país maravilhoso a que chegou com os seus pais quando emigraram vindos de Portugal”.
Em páginas de internet e nas redes sociais propagam-se os rumores de que se trata de uma mulher chamada Maria José, e que deverá passar a apresentar-se à polícia de 15 em 15 dias por ter “enfrentado” as autoridades. Vários jornalistas tentaram falar com ela mas esta remeteu-se ao silêncio, agradecendo apenas a todos os que apoiam e saúdam a sua ação na passada quarta-feira.
Enquanto os apoiantes de Maduro se referem à mulher como “uma irresponsável” ou “golpista”, ou apenas alguém que procurava protagonismo no meio dos protestos, o certo é que se mantém a dúvida sobre a sua verdadeira identidade, apesar do seu rosto ter ficado registado em vários vídeos e fotografias.
“É melhor não sabermos o seu nome. Para que não a persigam. O melhor é chamarmos-lhe Senhora Liberdade”, refere um dos utilizadores nas redes sociais, citado pela BBC.
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