Inimigos dentro
João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
Da visita do Papa a imprensa nacional e internacional reteve uma coisa, a afirmação no avião: «a maior perseguição da Igreja não vem dos inimigos de fora, mas nasce do pecado da Igreja.»
Como os jornalistas agora só pensam em pedofilia, interpretaram as palavras como referência ao problema, a que gostam de chamar «crise profunda». Certamente isso está incluído, mas nos lábios de quem foi quase 24 anos prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, a frase é muito mais vasta.
Aliás, a visita mostrou-o bem. Enquanto os ateus e não-cristãos portugueses foram em geral respeitadores, as críticas, algumas violentas, vieram quase só de quem se diz católico. Entrevistado em Fátima, o candidato presidencial Fernando Nobre classificou--se de forma original como «católico de pensamento livre». Não é evidente o que queira dizer, mas deve significar que acredita mas faz o que lhe apetece.
Muitos só invocam a condição de crentes para criticar a doutrina, reduzindo a Igreja às questões do celibato dos padres, ordenação de mulheres, divórcio, aborto, contracepção, etc. Bento XVI, no discurso aos bispos de dia 13, falou de «crentes envergonhados que dão as mãos ao secularismo, construtor de barreiras à inspiração cristã». Não sabem o que é o Espírito Santo e só receberam o baptismo de João (cf. Act 19, 1-3).
Ao fim de 2000 anos, que começaram com a traição de Judas e a negação de Pedro, estas coisas não são propriamente novidade. O Papa disse-o no avião: «Isto foi sempre conhecido, mas hoje vemo-lo de modo realmente aterrador.»
Comentários
O nosso Poncio Pilatos do Poço de Boliqueime assinou tudo à primeira , lavando as mãos... È um verdadeiro republicano.
Gabriel Monchique ,
em Ferragudo, Reino do Algarve