RR on-line, 30Mar2009
Raquel Abecasis
A verdade é que esta sociedade dita moderna está transformada num “Big Brother is watching you”, que destrói vidas sem que ninguém se importe com isso. Pelo contrário: com o aplauso geral.
Meio mundo viveu suspenso nos últimos meses da evolução e desfecho dramáticos de uma inglesa, ex-concorrente do “Big Brother”, que resolveu dar o exclusivo da cobertura da evolução da doença, morte e funeral a uma revista e a um canal de televisão.
O mais espantoso é que tal facto não chocou ninguém. Foi, aliás, louvado e considerado um supremo acto de coragem, inclusivamente, pelo Primeiro-ministro britânico.
A doença e a morte são o momento mais dramático e sério da nossa vida e das pessoas que nos rodeiam, o que nos faz viver esses tempos com recato e uma certa tensão para que a vida se cumpra com dignidade junto dos que nos são queridos.
Não terá sido diferente com Jade Goody. Por isso, dá que pensar: que mundo é este que leva uma pessoa a expor-se desta maneira nos momentos finais da vida para, segundo disse, assegurar o futuro dos filhos?
A verdade é que esta sociedade dita moderna está transformada num “Big Brother is watching you”, que destrói vidas sem que ninguém se importe com isso. Pelo contrário: com o aplauso geral.
As sociedades ocidentais, que sempre se consideraram campeãs da liberdade, transformam-se agora nos seus maiores carrascos, porque preferem ceder em todos os valores, em nome da sacrossanta “sociedade sem tabus”, que não verga nem diante da morte
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