RR on-line, 20090325
Graça Franco
Resta à sociedade civil meter mãos à obra. Ninguém pode sentir-se à margem deste esforço de reconstrução nacional
Os números do desemprego continuam a registar subidas alarmantes. Em Fevereiro, foram mais 60 mil a inscrever-se nos centros de emprego. O número de despedimentos efectuado subiu para 12 mil, o que significa mais do que 74 por cento do que no ano anterior.
As nuvens que pesam sobre empresas, como a Quimonda (que no próximo sábado vai fechar as portas sem que haja garantias de as vir a reabrir) tornam evidente o perigo de constituição de bolsas regionais de desemprego onde o risco já não é de recessão profunda, mas de depressão.
Em Vila do Conde, mais de mil empregos dependem desta única empresa, mas há muitos mais que lhe estão indirectamente associados.
Em Setúbal, onde a Autoeuropa ainda parece estar a salvo, a crise do sector da construção, da pesca e do pequeno comércio é já dramática. A fome regressou à Península. Os fundos de emergência da diocese foram de novo accionados. Ali, como em Braga e um pouco por todo o país.
A degradação da qualidade do tecido social está à vista. O risco de explosão social também. O Estado pode e deve fazer mais. Mas, por muito que faça, não vai bastar. Resta à sociedade civil meter mãos à obra. A Cáritas, como muitas outras instituições da Igreja, ou o Banco Alimentar estão no terreno. No Porto, desde ontem, há nova sopa dos pobres. Mas ninguém pode sentir-se à margem deste esforço de reconstrução nacional. É disso que se trata. De um toque a rebate à solidariedade nacional.
Graça Franco
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