A Comissão Mista CCEE e KEK discutem a Salvaguarda do Criado
www.jornalw.org 08 Mar. 2009 Padre Duarte da Cunha |
Entre os dias 19 e 21 de Fevereiro em Budapeste, os responsáveis do CCEE (Conselho das Conferências Episcopais da Europa) e os da CEI (Conferência Europeia das Igrejas – geralmente conhecida por KEK) tiveram o seu habitual encontro anual.
Lembro que o CCEE reúne 36 Conferências episcopais da Europa e a CEI reúne 125 igrejas protestantes, anglicanas, vetero católicas e ortodoxas. Para além do desenvolvimento de laços de amizade, sem os quais dificilmente se poderá caminhar para a unidade da Igreja, pretende-se com estes encontros rever alguns temas importantes para todos os cristãos na Europa e programar alguns projectos conjuntos.
Este ano o tema central foi a questão do ambiente. Um tema em que toda a sociedade actual parece estar interessada, mas em que nós cristãos temos uma palavra importante e específica dizer. Na verdade, a abordagem de quem acredita que Deus é o Criador não coincide com a de muitas organizações ecologistas ou “verdes”. Até mesmo a linguagem é diferente. Enquanto nós falamos de criação, de natureza e de dons de Deus, quem não parte da fé fala de ambiente, de desenvolvimento sustentável. Enquanto nós falamos de responsabilidade, de amor pelas próximas gerações e de esperança outros têm uma abordagem catastrófica e dialéctica em que o homem e o progresso aparecem como adversários do ambiente e do futuro. Daqui se explica que, por vezes, os mesmos que se apresentam como defensores do ambiente queiram promover o aborto e que muitos dos que querem proibir experiências em laboratório com animais defendam as experiências com embriões humanos.
Católicos, protestantes e ortodoxos, todos partimos duma visão clara e realista do mundo que vê a realidade criada por Deus. Reconhecemos a dignidade da pessoa criada à imagem e semelhança de Deus e acreditamos que toda a terra foi feita para que nós possamos prosseguir o nosso caminho em direcção à plena comunhão com Ele. Toda esta questão que envolve a salvaguarda do criado, deve ser, por isso, abordada a partir duma concepção da pessoa humana livre e responsável a quem Deus ofereceu a terra, mas também incumbiu de cuidar dela. Somos administradores que devem aproveitar e desenvolver, não devemos ser destruidores ou simples consumidores.
Neste encontro, mais uma vez os cristãos se mostraram unidos na preocupação mas também na profundidade moral e espiritual do problema, reforçando a convicção de ser dever comum apresentar com clareza diante da sociedade secularizada a nossa forma de ver o problema: “houve um comum acordo sobre a palavras de Sua santidade o Papa Bento XVI, de que o deserto externo no mundo está a crescer porque o deserto interior se tornou muito vasto” (cf. Comunicado final em www.ccee.ch).
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