“Uma paternidade que é dom de Deus”

Dia de São José

19-03-2009 12:50

“Uma paternidade que é dom de Deus”

Hoje a Igreja assinala o dia de São José. Não é por coincidência que a sociedade optou por celebrar hoje também o dia do Pai.


A Renascença conversou com o vice-reitor do seminário de São José de Caparide, instituição que assinala neste dia 25 anos a formar jovens para o sacerdócio. O Padre Ricardo Neves ajuda-nos a compreender uma figura a quem a Igreja atribui grande importância, apesar de poucos factos se saberem da sua vida.

O que é que se sabe ao certo da vida de São José?
Pe. Ricardo Neves: A Sagrada Escritura diz-nos que ele era o noivo da mãe de Jesus e que era um homem justo, que frequentaria a sinagoga, seguindo a lei de Deus.

Diz-nos ainda que tendo conhecimento da maternidade da sua noiva viveu um drama humano e de fé. O drama humano de ter a sua noiva grávida e não conseguir perceber a totalidade da situação, e depois um drama de fé por intuir que havia ali um projecto maior de Deus, que ele de início não consegue descodificar inteiramente.

Essa é uma das características que o Evangelho deixa claro: é que o silêncio e discrição de São José são características de um homem que procura amadurecer em profundidade este projecto e vontade de Deus, que ultrapassam largamente a lógica humana.

Depois, os evangelhos dizem-nos que, superado este drama de fé, São José dá corpo a três elementos fundamentais. Acompanha a virgem Maria, dando-lhe a solidez conjugal de que ela precisa, é o guarda de Jesus, e é ele quem dá a paternidade jurídica a Jesus, que no caso bíblico é uma paternidade especial, porque é através dele que a descendência de David fica garantida para Jesus.

O Papel de São José vai-se alterando ao longo dos séculos, como se dá a mudança?
RN: O debate teológico sobre a Virgem Maria veio trazer um interesse maior por São José.
À medida que se foi esclarecendo o seu papel como guarda de Jesus e suporte da sua mãe e portanto, simbolicamente, suporte da Igreja, foi-se percebendo a grandeza que ele tinha para o caminho da Igreja.

Os papas, no seu ministério, foram tornando isso mais claro. A figura de São José ficou mais visível na vida da Igreja e a certa altura tornaram-no patrono da Igreja, dando este sinal que depois o Papa João Paulo II consagrou na encíclica “O Guarda do Redentor”, consagrando-o aí como esta figura que tem a missão de proteger Jesus e suporta a vida da Igreja, auxiliando-a.

Faz sentido então que o dia de São José seja dia do Pai?
RN: Sim. É uma óptima tradição de matriz cristã. São José é figura desta paternidade que é dom de Deus, que ultrapassa largamente a mera dimensão biológica, mas que sustenta, no caso dele, toda esta dimensão de acompanhar, de proteger, de dar solidez, e por outro lado, de ajudar a crescer na resposta ao projecto de Deus.

Não nos podemos esquecer que Jesus, em toda a beleza de Filho do Homem e Filho de Deus, foi crescendo, mas cresceu naquele ambiente de pai e de mãe, onde se respirava uma enorme fidelidade à aliança de Deus com o povo de Israel, ao culto de Deus no Templo e à procura de discernir os caminhos da lei.

Comentários

São José é também o mártir (testemunha) do valor da oração. Quem, depois de Maria, conviveu mais com Deus que São José. Todos os cristãos e não cristãos podem encontrar nele a disponibilidade e rapidez aos problemas do outro.

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