Quem toma conta das coisas, no Vaticano?
José Maria C.S. André
«Correio dos Açores», «Verdadeiro Olhar», «ABC Portuguese Canadian Newspaper», 15-II-2015
Para quem não saiba, Caroline Pigozzi, vencedora de prémios de literatura e jornalismo, é uma das mulheres mais conhecidas da imprensa francesa. Trabalhou para várias televisões e jornais, onde se notabilizou na cobertura dos acontecimentos no Vaticano. Acompanhou as viagens de João Paulo II, de Bento XVI e agora viaja com o Papa Francisco, enviada pelo «Paris Match». A intimidade que Caroline tinha com os Papas anteriores, continua.
Caroline escreveu muito sobre João Paulo II: dois dos seus livros são «Jean-Paul II intime» (João Paulo II na intimidade) e «Le Pape en privé» (o Papa em privado). Continuou no pontificado de Bento XVI e agora com o Papa Francisco: além de muitos artigos e entrevistas, ela é co-autora do livro «Ainsi fait-il» (É assim que ele faz), que se vai engrossando com mais capítulos a cada nova edição.
A propósito do aniversário do Papa Francisco (o Papa faz anos a 17 de Dezembro), Caroline Pigozzi ofereceu-lhe um medalhão em prata de Nossa Senhora de Luján, padroeira da Argentina. Recentemente, no avião a caminho do Sri Lanka e das Filipinas, Caroline ofereceu-lhe um medalhão de Santa Teresinha de Lisieux, uma peça em bronze, com quase 100 anos, que deixou o Papa muito sensibilizado:
— «Agradeço-lhe muito Caroline, porque quando tenho um problema viro-me para Santa Teresinha e ela, para me indicar que se vai ocupar do assunto, costuma mandar-me uma rosa. Eu tinha posto esta viagem nas mãos dela, mas, em vez de me mandar uma rosa, é ela própria que me vem saudar».
A jornalista Méliné Ristiguian, também do «Paris Match», relata que Caroline ficou de tal maneira comovida que nem se deu verdadeiramente conta do que aconteceu. A própria Caroline disse, aos colegas jornalistas que iam no avião, que só mais tarde consciencializou a alegria do Papa: «Parecia um menino com um brinquedo. Julgo que ele ficou felicíssimo, foi absolutamente incrível. E eu estava contentíssima...». As fotografias e a história aparecem na edição de 29 de Janeiro do «Paris Match».
A notícia podia ser que o Papa Francisco surpreendeu uma jornalista veterana. No entanto, acho que a notícia importante é que Santa Teresinha do Menino Jesus foi encarregada das coisas principais do Vaticano.
No que respeita à viagem ao Sri Lanka e às Filipinas, a prestação de Santa Teresinha foi notável. O Sri Lanka, até há pouco tempo agressivo para com o cristianismo, recebe hoje a Igreja como a grande referência mundial. Nas ilhas Filipinas, a força evangelizadora daqueles dias deixou uma marca inesquecível. A um dos encontros, assistiram 7 ou 8 milhões de peregrinos. Nunca, na história, se juntou uma multidão tão grande, fosse para o que fosse.
Em Portugal, alguns não esperavam, num ponto ou noutro, a pregação deste Papa. Por momentos, pode vir-lhes a dúvida de que o Espírito Santo o assista no magistério ordinário. Depois, recordam as palavras inequívocas de Cristo e confirmam-se com renovada confiança na voz desse magistério. Para esses, pode ser um grande consolo saber que o Papa reza, que o Papa reza muito. Um Papa que reza não se pode enganar.
Além disso, é bom saber que Santa Teresinha, nomeada por João Paulo II Doutora da Igreja, está a tomar conta de muitas coisas. Uma das frases mais conhecidas desta Santa é aquela profecia: «o meu Céu vai ser passar na Terra a fazer o bem». O código postal do seu lugar de trabalho é o Vaticano, ao lado do Papa.
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