Falta de comparência

Raquel Abecasis | RR online 2015.02.26

Os senhores deputados continuam a achar que o povo precisa é de pão e circo, uma área em que são especialistas

A Procuradora-geral da República disse: "Só tenho que tirar conclusões e fazer análises que permitam lutar melhor contra os fenómenos que são da minha responsabilidade. Há uma rede que utiliza o aparelho de Estado e da administração pública para concretizar actos ilícitos, muitos na área da corrupção".

Joana Marques Vidal manifestou também grande preocupação pelas sucessivas violações de segredo de justiça.

Foi uma entrevista à PGR feita pela Renascença e pelo "Público" que provocou, naturalmente, reacções em todo o país real – só no real, porque o país político preferiu manter-se à margem e perder o tempo a discutir as tricas de sempre. Sobre o problema crescente da corrupção e das violações ao segredo de Justiça a resposta oficial do bloco central de interesses foi como sempre: não há comentários.

Estamos conversados. Em 2006, o então deputado João Cravinho apresentou no Parlamento um pacote legislativo de combate à corrupção, que acabou no caixote com a complacência de uma maioria parlamentar alargada, incluindo o seu próprio partido. O tema era quente na altura e de lá para cá, nove anos depois, só piorou, mas a classe política continua "sem comentários" a esta questão menor que não convém a ninguém aprofundar.

Os partidos até estão todos a preparar legislação contra a corrupção que vai a plenário da Assembleia no dia 6. Mas, quando se trata de comentar uma acusação de corrupção do Estado, não têm nada a dizer. Pudera! Se nem entre os partido do Governo parece ser possível chegar a um consenso sobre que caminho seguir neste combate…

Os senhores deputados continuam a achar que o povo precisa é de pão e circo, uma área em que são especialistas. Vai daí, caça-se um vídeo pirata da última inconfidência do líder da oposição, lança-se a bomba nas inimputáveis, mas muito eficazes, redes sociais e já está. Temos festa para um dia inteiro.

E depois queixam-se que as pessoas percam a pachorra.

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