Promoção

DESTAK |09 | 05 | 2012   20.46H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@ucp.pt

A promoção de 50% dos supermercados Pingo Doce a 1 de Maio é o mais recente tema hilariante da actualidade. Esta época alvoroçada quis ver aí conspirações sinistras, sinais degradantes, perspectivas arrasadoras. Sem contrariar a auto-flagelação, o episódio presta-se a interpretações mais serenas.
A campanha foi um sucesso de imagem, certamente ruinoso para a empresa. Se houve ilegalidades serão punidas, mas inclui elementos surpreendentes, como o segredo que a rodeou e a rapidez de divulgação apesar disso. Em resumo, é difícil de avaliar.
Mas não é sinal de desespero ou brutalidade. Reboliços e violência em promoções comerciais são comuns em países desenvolvidos, como Grã-Bretanha e EUA. O que surpreende cá é a raridade, não a frequência do caso. Além disso é evidente que se não houvesse crise a confusão teria sido maior, não menor. Afinal ainda há muitos consumidores capazes de investir a sério em saldos.
Sobretudo o episódio foi apenas mais um sinal, entre tantos, de que empresas e consumidores se adaptam bem a circunstâncias adversas. Enquanto a opinião pública se entretém com acusações bombásticas, enredos mirabolantes e teorias imaginativas, na vida real milhões de pessoas procuram sensatamente minorar as suas dificuldades e aproveitar as oportunidades. É o único caminho para sair da crise.
Ninguém nega o terrível sofrimento que se vive hoje. Mas temos de dizer que este período de dificuldades é muito mais saudável para sociedade que os longos anos de facilidade balofa e ilusória, que aliás nos trouxeram ao sofrimento.

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