Sim, é chato, mas há boas notícias sobre Portugal

Henrique Raposo (www.expresso.pt)
8:00 Quarta feira, 2 de maio de 2012
Sim, eu sei que é doloroso. Sim, eu sei que custa ouvir. Mas a Cassandra-ao-contrário tem de registar mais um conjunto de boas notícias sobre Portugal. É, de facto, escandaloso e quiçá inadmissível, mas o Apocalipse da choldra vai ter de esperar. E, atenção, as boas notícias já não ficam limitadas às nossas exportações supersónicas . Parece que o investimento directo estrangeiro também quer ajudar. Subiu 270% em 2011 e continua em alta em 2012. Há duas semanas, a Easyjet inaugurou uma nova base em Lisboa, um pormenor que representa um impacto directo de 600 milhões na nossa economia (Expresso economia, 21 de Abril). Há dias, a Nokia/Siemens anunciou um novo investimento em Portugal, um pormenor que representará 1500 postos de trabalho. Não por acaso, a consultora Gartner considera Portugal como um dos países desenvolvidos com mais potencial para serviços off-shore de tecnologia de informação (Expresso Economia, 28 de Abril).
Depois convém registar que os juros da nossa dívida soberana continuam a cair. Um pormenor que parece não interessar as nossas TV. Quando os juros subiam, a notícia abria os telejornais. Agora os juros estão a descer, mas a notícia não abre os telejornais. Confesso-me fascinado por este critério editorial, até porque é mais fácil encontrar referências a este facto num telejornal estrangeiro (BBC World ou Deutsche-Welle). De igual modo, as redacções desprezaram um relatório da OCDE muito simpático para Portugal. O que diz esse relatório? Todos os países desenvolvidos terão de cortar na despesa do estado no sentido de assegurar a sustentabilidade das dívidas soberanas. Reino Unido, EUA e Japão estão nos lugares mais complicados, e - que escândalo! - Portugal aparece no pelotão da frente. Ou seja, "Portugal não vai precisar de tanta contenção orçamental no futuro porque a maior parte do trabalho de reestruturação da despesa está a ser feito agora".
Para terminar, a Cassandra-ao-contrário gostava de apontar para uma mudança de paradigma na nossa economia. Os nossos sectores tradicionais continuam fortes, sim senhora, mas o dado mais positivo não é a resiliência do sector do vinho, cortiça ou vestuário e calçado. O que é realmente determinante é o sucesso de Portugal em novos sectores de ponta. Já vimos que Portugal é um jogador no campo das tecnologias da informação, e agora podemos olhar para outro pormaior: já exportamos mais saúde do que vinho ou cortiça. O chamado turismo da saúde, uma actividade que precisa de ciência e tecnologia, é uma actividade central no nosso PIB . Quem diria? Quem diria que o país da choldra iria ser uma potência da economia da saúde? Um escândalo, de facto. 

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