Esperança e descalabro
DESTAK | 10 | 05 | 2012 19.13H
J.L. Pio Abreu
Finalmente, estão todos de acordo. Governantes e políticos, da direita à esquerda, comentadores e até economistas encartados, dizem que a vitória dos socialistas em França foi uma janela de esperança para a Europa. Nem vale a pena, por agora, falar mais disso.
No clima de aperto que se vive, com o Euro a ser atacado pelos “investidores”, os cidadãos europeus reagiram como um todo orgânico e interessaram-se vivamente pelo que estava a acontecer nos outros seus países. No mesmo dia das eleições francesas, também a democracia funcionou na Grécia. E aí foi o descalabro, com um país à beira da ingovernabilidade vigiado por um partido nazi em ascensão. Outra coisa não seria de esperar, porque a carência e o desespero não são bons conselheiros. Os economistas que aconselham banqueiros e políticos têm de aprender mais esta lição.
Nos próximos dias será a Grécia que fará a Europa mexer. Ninguém sabe o que fazer. Até parece que os economistas fizeram de repente um escotoma e deixaram de a ver. Para eles seria muito difícil ad-mitir que o seu sistema não funciona, e que a Grécia é só um exemplo. Mas também não sabem resolver o problema nem dizer o que vai acontecer se a Grécia cair. É caso para lembrar que tudo isto começou com a falência do Lehman Brothers que ninguém previu nem resolveu, e com a qual ninguém aprendeu.
A janela da Europa que Hollande entreabriu, também pode estar aberta para o segundo capítulo do descalabro geral.
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