Sócrates

João César das Neves
DESTAK | 20100930
naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
V amos imaginar que tínhamos um primeiro-ministro sério, responsável, dedicado aos problemas nacionais.
O que faria, se estivesse hoje no poder, qualquer um dos grandes chefes do Governo da nossa história? Podemos escolher entre vários, mas é razoável referir o mais recente. Que diria, se hoje mandasse, o José Sócrates de 2005? Com certeza não andaria a procurar desculpas, justificar o injustificável, esconder a dureza da realidade. Seguramente não dedicaria o tempo a ver-se ao espelho, jogar ping-pong com a Oposição ou inventar distracções.
Aquilo que faria seria uma solene declaração ao país, descrevendo sem rodeios a gravidade da emergência nacional, omitindo desculpas, recriminações ou embustes. Pediria a todos, da forma mais intensa e sincera, o maior empenhamento na sua solução. Em seguida anunciaria um pequeno conjunto de medidas profundas e eficazes.
Essas políticas são fáceis de descrever, porque estão tomadas em Espanha, Grécia, Itália, e descritas por especialistas todos os dias nos jornais. É só escolher. A bomba atómica, que resolveria tudo instantaneamente, com custos elevados, era chamar o FMI. Isso daria credibilidade financeira imediata, havendo depois de cumprir a dieta. Mas há ainda, por pouco tempo, certas alternativas, também duras: cortar salários e pensões, extinguir serviços, eliminar subsídios e benesses. Se isto fosse feito com clareza, seriedade e justiça, o país compreenderia e, como aconteceu em 1977 e 1983, começaríamos o caminho da recuperação. A falta que hoje faz José Sócrates

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