Bento XVI em Portugal com os movimentos sociais
Jornal Voz da Verdade, 2010-09-12
Isilda Pegado
1 – Na Tarde de 13 de Maio a Santíssima Trindade estava cheia, éramos 8.000, para ouvir o que o Papa tinha para nos dizer. Bento XVI escolheu a parábola do Bom Samaritano para nos mostrar como, desde o Início (Cristo) a Igreja está alicerçada no amor ao próximo.
Em Portugal a maior rede de solidariedade social inscreve-se na Igreja Católica.
2 – O Papa disse-nos «“É “um coração que vê”. Este coração vê onde há necessidade de amor e actua em consequência». “O amor incondicionado de Jesus que nos curou há-de converter-se em amor entregue gratuita e generosamente, através da justiça e da caridade, para vivermos com um coração de bom samaritano”.
“Cientes, como Igreja, de não poderdes dar soluções práticas a todos os problemas concretos, mas despojados de qualquer tipo de poder, determinados ao serviço do bem comum, estais prontos a ajudar e a oferecer os meios de salvação a todos”.
3 – Por isso, no início de um ano de labor que tem atrás de si as sublimes e sábias palavras de Bento XVI espera-se de todos nós um entusiasmo e alegria no trabalho concreto que agora iniciamos.
4 – A realidade que todos os dias temos pela frente é o instrumento de Deus para cumprir a Sua obra. Por isso, a caridade descobre aquela Presença que a fé reconhece. Que mais do que por “razão” ou “razões” tem como fonte a resposta que o coração do homem dá à sua própria natureza.
5 – Na Santíssima Trindade a 13 de Maio viveu-se essa intimidade de fé e letícia entre um Povo e o seu Pastor com as palavras e a presença que nos presenteou.
6 – Esse marco da nossa história de realidade social que em cada dia se constrói está, passados estes poucos meses, cravado e gravado nos actos e factos do quotidiano. Quantas vezes nos dizemos uns aos outros – “O Papa disse-nos…” ou, na Santíssima Trindade Bento XVI disse-nos…”
7 – Perante um País enterrado no desânimo, na crise, na falta de esperança, vemos em cada dia projectos e obras que continuam a nascer ou a desenvolver-se para que a verdadeira solidariedade seja uma realidade.
À nossa volta vemos o “David e o Filipe, a Cristina e a Teresinha” a quem um dia dissemos “eu estou aqui a teu lado” ou “há um lugar para ti” ou ainda “tens direito a viver e a ter uma mãe e um pai”.
Há um povo que cresce de factos concretos, de rostos e histórias escritas na primeira pessoa. E também das incapacidades e fragilidades anotadas.
8 – Não esperamos pelo subsídio para fazer. Mas fazermos em sociedade, “em rede” com tudo o que nos rodeia, porque somos e estamos no Mundo. Também por isso não calamos perante a destruição que alguns, a coberto de ideologias e falsos vanguardismos vão semeando na sociedade. Porque somos e estamos no mundo não calamos a lei que mata (no aborto) a lei que fere (no divórcio), a lei que oprime (na educação), a lei que mente (na sexualidade), a lei que estatiza (na economia), a lei que escraviza (na carga fiscal).
9 – E assim, todos os dias cresce a legitimidade de quem faz e diz que há outra forma de viver em sociedade. A ideologia tem de dar lugar a um imperativo de verdade e de resposta ao coração do homem. Como nos disse o Papa: “Aqui se situa o urgente empenhamento dos Cristãos na defesa dos direitos humanos, preocupados com a totalidade da pessoa humana nas suas diversas dimensões. Exprimo profundo apreço a todas aquelas iniciativas sociais e pastorais que procuram lutar contra os mecanismos socioeconómicos e culturais que levam ao aborto e que têm em vista a defesa da vida e a reconciliação e cura das pessoas sofridas pelo drama do aborto. As iniciativas que visam tutelar os valores essenciais e primários da vida, desde a sua concepção, e da família, fundada sobre o matrimónio indissolúvel de um homem com uma mulher, ajudam a responder a alguns dos mais insidiosos e perigosos desafios que hoje se colocam ao bem comum”.
A 13 de Maio na Santíssima Trindade em Fátima a “estrada” ganhou renovados indicadores de direcção. Vamos!
Isilda Pegado
Presidente da Federação Portuguesa pela Vida
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