Crise e eleições

DESTAK | 24 | 09 | 2009 08.36H

João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt

A crise é o tema das eleições. Sobre isso podemos tirar algumas lições da nossa última queda grave, há 25 anos. Na altura o PIB contraiu um total de 6,7%, do pico no quarto trimestre de 1982 ao fundo no primeiro de 1984. Desta vez já caímos 4% desde o segundo trimestre de 2008.

O padrão político nos dois casos é semelhante. Na primeira crise houve três anos e meio de governos de maioria AD PSD/CDS/PPM) de Janeiro 1980 a Junho 1983, seguidos por dois anos e meio de governo maioritário do bloco central (PS/PSD) até Novembro de 1985. Desta vez foram três anos e meio de governos de maioria PSD/CDS (Abril de 2002 a Março de 2005) seguidos por quatro anos e meio do governo maioritário do PS. Seguindo o paralelo, as próximas legislativas seriam semelhantes às de Novembro de 1985, onde saiu o governo PSD que, apesar de minoritário, presidiria a uma década de crescimento com Cavaco Silva.

Mas as diferenças são também grandes. Em 1982-84 os erros foram cometidos pelos governos AD e resolvidos, com a ajuda do FMI, pelo bloco central. Desta vez as falhas já vêm da década passada, dos governos minoritários PS de Guterrres, e não foram solucionadas por nenhum dos executivos seguintes. Por isso a crise de 1982-84, mais violenta, demorou menos de dois anos, enquanto esta ferve em lume brando há mais de dez, agravada agora com o colapso internacional.

Os analistas prevêem um governo de minoria como em 1985. Mas a crise ainda deve durar uns tempos. Temos um grande consolo: o nosso nível de vida, mesmo com a queda, está 75% acima do fundo de 1984.

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