Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2009

Falar em procriação

Pedro Vaz Patto Público, 20090930 As declarações de Manuela Ferreira Leite ao associar a família e o casamento à procriação têm suscitado muitas reacções negativas, que vão da crítica impiedosa, como se fossem sinal do mais bolorento conservadorismo, até à chacota de mau gosto. Reacções tão negativas a declarações que muitos considerarão inspiradas pelo simples bom senso merecem alguma reflexão. Falar em procriação parece escandaloso ou herético, como se a procriação fosse algo de fundamentalmente negativo, a evitar a todo o custo, um empecilho ao gozo e realização pessoais que a união sexual e o casamento podem proporcionar. A doutrina católica não limita (não o faz hoje, nem o fez nunca) as finalidades do casamento e da família à procriação. A comunhão entre os cônjuges e a realização pessoal de cada um deles também são finalidades do casamento e da família. Mas a abertura à vida, que não se limita à geração biológica e se prolonga durante todo o percurso educativo

“Caritas in Veritate” uma receita para enfrentar a crise - Presidente da Companhia das Obras em Portugal

Dia 29 de Setembro, Bernard Sholtz , Presidente da Companhia das Obras , uma associação empresarial presente em várias partes do mundo, vem a Portugal fazer uma apresentação sobre a última encíclica social de Bento XVI. Uma abordagem sobre a encíclica que sublinha a importância que a Igreja "não pode oferecer soluções técnicas nem pretende intrometer-se na política"; mas tem uma missão a cumprir: anunciar Cristo como "o primeiro e principal factor de desenvolvimento" A encíclica ajuda-nos a descobrir que a fé em Cristo nos coloca nas condições ideais para enfrentar uma infinidade de problemas de ordem económica, financeira, social e política. Este é o trabalho a que nos introduz Bernhard Scholz na próxima Terça Feira , dia 29 de Setembro às 19:45h , no Hotel Fénix , em Lisboa

Frase do dia

Não venci todas as vezes que lutei, mas perdi todas as vezes que não o fiz

O enigma chinês

João César das Neves DN, 20090928 Na próxima quinta-feira passa o 60.º aniversário do nascimento da República Popular da China. Este facto não só abriu as portas a acontecimentos incomparáveis em toda a vida da humanidade como foi um dos mais importantes acontecimentos do século XX, criando a que será potência dominante no século XXI. Basta olhar os seis momentos em que a revolução de 1949 celebrou a entrada em novas décadas para ver a terrível e espantosa evolução que sofreu a mais antiga e rica civilização do mundo. Em 1959, quando a República Popular fez dez anos, começou a maior fome artificial da história, onde morreram dezenas de milhões de pessoas. Esta catástrofe foi o resultado da incrível experiência económica do Grande Salto em Frente, uma tresloucada iniciativa pessoal de Mao Tsé--Tung. Dez anos depois, em 1969, o mesmo Mao declarava o fim da Revolução Cultural, um projecto ainda mais brutal e devastador que, apesar da declaração, estava longe de ter acabado. A turb

Descriminalização das drogas em Portugal - O retrato factual

Manuel Pinto Coelho Público, 27 Set 2009  Tem vindo a imprensa nacional e principalmente a estrangeira, a referir com estranha insistência, em vésperas de dois importantes processos eleitorais em Portugal, o “retumbante sucesso” da descriminalização das drogas, encetada em 2001 pelo governo socialista, à revelia de todos os outros países europeus e em detrimento das orientações e Convenções das Nações Unidas de que o país é signatário. O respeito pela verdade dos factos obriga a Associação para um Portugal Livre de Drogas (APLD) a esclarecer os portugueses sobre as verdadeiras consequências da implantação da política actual, independentemente das filiações partidárias. Portugal adoptou uma solução (?) assaz original e inequivocamente questionável para gerir o pesadelo das drogas.   Os artigos recentes do semanário britânico The Economist e do Cato Institute de Washington promovem as opções governamentais. É um direito legítimo, quiçá politicamente correcto. O problema é o resto:

27 de Setembro - S. Vicente de Paula

Imagem
S. Vicente de Paula Anónimo, séc. XVIII Musée du Château, Versailles

Governo espanhol aprova nova lei do aborto polémica

Público, 20090926 Por Nuno Ribeiro, Madrid O Conselho de Ministros espanhol aprova hoje o novo anteprojecto de lei do aborto que, na prática, institui uma lei de prazos que permite a interrupção voluntária da gravidez até às 14 semanas. Esta medida suscita polémica na sociedade espanhola, tendo as associações pró-vida, a hierarquia eclesiástica e os partidos conservadores convocado já uma manifestação, em Madrid, para 17 de Outubro, durante a discussão parlamentar do diploma. O aspecto mais contestado da nova lei é o que definia que as jovens entre os 16 e os 18 anos possam abortar sem conhecimento ou autorização dos pais. A lei da autonomia do paciente, aprovada em 2002 pelo Governo conservador de José Maria Aznar, estabelecia nos 16 anos a chamada maioridade sanitária. Mas dizia que, a partir de tal idade, os jovens podiam decidir sobre os tratamentos médicos a que eram submetidos, salvo em três excepções: interrupção voluntária da gravidez, reprodução assistida e ensaio

Eleger é escolher

Maria José Nogueira Pinto DN 20090924 Teoricamente as Legislativas têm como objectivo ocupar as bancadas da Assembleia da República com ilustres representantes do povo mas, na prática, o que está agora em causa é escolher quem vai governar Portugal, se Ferreira Leite se Sócrates. Ora, tendo Sócrates governado durante mais de quatro anos, a decisão de o manter ou de o substituir depende do escrutínio de cada eleitor sobre o que ele foi e o que ele fez durante o seu mandato, bastando para tal um pequeno e fácil exercício de memória. Recordo-me bem da sua primeira versão: enérgico, incansável, rápido na decisão, usando a autoridade com singular incorrecção política, parecendo saber sempre o que queria e para onde ia. Foi o tempo de um plano reformista ambicioso e necessário. Mas depressa se viu que o homem não tinha painel de bordo, arrancando em todas as frentes com medidas que abanaram, perturbaram e criaram resistências; optando por um governo unipessoal; atribuindo os atrasos

Crise e eleições

DESTAK | 24 | 09 | 2009 08.36H João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt A crise é o tema das eleições. Sobre isso podemos tirar algumas lições da nossa última queda grave, há 25 anos. Na altura o PIB contraiu um total de 6,7%, do pico no quarto trimestre de 1982 ao fundo no primeiro de 1984. Desta vez já caímos 4% desde o segundo trimestre de 2008. O padrão político nos dois casos é semelhante. Na primeira crise houve três anos e meio de governos de maioria AD PSD/CDS/PPM) de Janeiro 1980 a Junho 1983, seguidos por dois anos e meio de governo maioritário do bloco central (PS/PSD) até Novembro de 1985. Desta vez foram três anos e meio de governos de maioria PSD/CDS (Abril de 2002 a Março de 2005) seguidos por quatro anos e meio do governo maioritário do PS. Seguindo o paralelo, as próximas legislativas seriam semelhantes às de Novembro de 1985, onde saiu o governo PSD que, apesar de minoritário, presidiria a uma década de crescimento com Cavaco Silva. Mas as difer

Pode o voto do cristão apoiar programas políticos contrários aos fundamentos da fé e da moral?

EXCERTOS DO CAPÍTULO Alguns pontos fulcrais no actual debate cultural e político DOCUMENTO: Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política AUTORIA: Congregação para a Doutrina DA Fé DATA: 24 de Novembro de 2002 ASSINADO: Card. Joseph Ratzinger e D. Tarcisio Bertone Ler documento completo AQUI (...) A consciência cristã bem formada não permite a ninguém favorecer, com o próprio voto, a actuação de um programa político ou de uma só lei, onde OS conteúdos fundamentais DA fé e DA moral sejam subvertidos com a apresentação de propostas alternativas ou contrárias aos mesmos. Uma vez que a fé constitui como que uma unidade indivisível, não é lógico isolar um só dos seus conteúdos em prejuízo DA totalidade DA doutrina católica . Não basta o empenho político em favor de um aspecto isolado DA doutrina social DA Igreja pa

Frase do dia

A morte é mais universal do que a vida; todos morremos, mas nem todos vivemos A. Sachs (1930 -…) Actor inglês

21 de Setembro - S. Mateus

Imagem
S. Mateus e o anjo Caravaggio 1603 Óleo sobre tela. San Luigi dei Francesi, Roma, Itália

Tempo de balanço

João César das Neves DN, 20090921 Está na altura de fazer o balanço da legislatura, com influência nas escolhas para a próxima. Ao fim de tudo o que vivemos estes anos, que podemos dizer? À partida as condições de estabilidade política foram excepcionais. Não só vivemos a terceira maioria absoluta e o mais longo período sem eleições nacionais da democracia mas, melhor, a recessão de 2004 preparara os cidadãos para medidas duras. O povo, que compreendeu a urgência, apoiou os ministros nas políticas exigentes que anunciaram. Estiveram os efeitos à altura? No assunto que o próprio Governo declarou prioritário o resultado foi infeliz. O défice orçamental, medida emblemática, acabará o ano acima do valor elevado que o Governo confrontou à chegada e tanto criticou. À primeira vista a culpa disto é internacional, mas a coisas são mais complexas do que parecem. A trajectória verificada parece confirmar a desculpa governamental. Recebendo em 2004 um défice público de 5,5% do PIB,

E a intermediação cultural?

Helena Matos 20090917 Público O Bloco de Esquerda declara que a sua sede, no Porto, tem sido atacada por neonazis. Começo por não conseguir perceber como chegou o BE a esta conclusão pois os ataques, ainda segundo o BE, "são perpetrados por pessoas que passam de carro e atiram pedras". Mesmo dando de barato que com um simples olhar para viaturas em movimento o BE consegue avaliar a ideologia dos respectivos ocupantes, resta-me ainda um outro mistério. Mais propriamente o da linguagem. Em primeiro lugar, caso os agredidos fossem simples cidadãos ou um partido que não o BE estes factos teriam sido descritos com aquela linguagem politicamente correcta que é tão do agrado do BE. Assim os ataques começariam por ser alegados. Os atacantes não seriam neonazis nem o quer que fosse. Quando muito dir-se-ia que as vítimas, provavelmente sem grande fundamento, suspeitavam de determinados grupos, sendo certo que logo se faria um enquadramento socio-económico sobre o desem

A gestão do pessoal

Helena Matos Público, 20090917 Um dos melhores retratos da educação em Portugal é aquele que foi traçado nos recentes debates entre os líderes partidários. Os candidatos falaram sobre avaliação de professores, mas não sobre o ensino. Na verdade, em Portugal há muito que a educação se resume a uma questão laboral. Não temos propriamente Ministério da Educação, mas sim um ministério que coloca e gere as carreiras dos seus funcionários. E o próprio destino dos ministros da Educação é ditado não pelo que faz pela qualidade do ensino, mas sim sobre a relação que estabelece com os sindicatos do sector. Que me recorde, e acompanho este assunto com alguma regularidade, a única questão pedagógica que politicamente se discutiu nos últimos tempos versava os conteúdos da Educação Sexual. Sobre o Português e a Matemática, o Inglês e a História só se fala a propósito dos resultados nos exames nacionais. A Filosofia e a Física têm qualquer dia tantos alunos quantos linces existem na Malcata.

Imunização

João César das Neves DESTAK |17 | 09 | 2009 08.18H Qual é a doença mais mediática, afamada e antecipada de sempre? Essa é fácil: a gripe A. Nunca se viu uma campanha tão obsessiva à volta de uma maleita como nestes meses. Há mais medo da pandemia que das piores doenças antigas. Será que se justifica? O futuro o dirá. O que se sabe é que na Europa e EUA não se vê o grau de atenção jornalística e mobilização governamental da dimensão do português. Somos sem dúvida o país do mundo mais antecipadamente alertado para se defender de tal constipação. O sector da saúde pode envergonhar-nos pelos custos, listas de espera, qualidade de serviço e indicadores de eficácia. Mas em planos de contingência ninguém nos bate. Isso levanta um problema: se os efeitos da doença não forem devastadores, se os números de doentes estiverem ao nível das várias gripes habituais, mesmo com os jornais a empolar, que acontecerá? É provável que nesse caso os responsáveis venham cantar vitória, atribu

16 de Setembro - São Cipriano

Audiência geral de quarta-feira, 6 de Junho de 2007 Queridos irmãos e irmãs! Na série das nossas catequeses sobre as grandes personalidades da Igreja antiga, chegamos hoje a um excelente Bispo africano do século III, São Cipriano, que "foi o primeiro bispo que na África conseguiu a coroa do martírio". Em primeiro lugar a sua fama como afirma o diácono Pôncio, o primeiro que escreveu a sua vida está relacionada com a produção literária e com a actividade pastoral dos treze anos que decorrem entre a sua conversão e o martírio (cf. Vida 19, 1; 1, 1). Nascido em Cartagena numa família pagã rica, depois de uma juventude dissipada Cipriano converte-se ao cristianismo com 35 anos. Ele mesmo narra o seu percurso espiritual: "Quando ainda jazia como que numa noite escura", escreve alguns meses depois do baptismo,"parecia-me extremamente difícil e cansativo realizar o que a misericórdia de Deus me propunha... Estava ligado a muitíssimos erros da minha vida passada, e não

O estranho caso de um católico inglês

Público, 20090915 Nem todos os católicos são enfadonhos: a prova disso é G. K. Chesterton. Imaginava ter este autor caído no esquecimento, mas, pelos vistos, enganava-me. Ele aí está de novo, remoçado e em óptima tradução da sua biografia intelectual, Ortodoxia . Quando a encontrei não resisti a ver como, passados cinquenta anos, reagiria ao seu contacto. Hoje, como ontem, rendi-me à sua prosa. Por Maria Filomena Mónica Excepto nos países totalitários, a dissidência é um prazer. Segundo a mais simples fórmula matemática, a dupla dissidência dá o dobro do gozo. Ora, no Reino Unido, a opção pelo catolicismo representa um gesto de rebeldia não só em relação à Igreja como ao Estado. Depois de, no século XVI, Isabel I ter declarado serem os católicos um bando de heréticos, o destino desta confissão passou por várias etapas, da condenação à morte à tolerância e, por fim, à glamorização. Hoje, ser-se católico no Reino Unido é chique. Quando, em 1922, G. K. Chesterton aderiu à Igrej