TGV

DESTAK | 21 | 01 | 2010 08.24H

João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt

Vamos levar com o TGV em cima. É já claro que a aposta na construção do comboio de alta velocidade está imparável. É verdade que essa decisão, que hoje parece definitiva, é um enorme disparate. Mas que interessa isso?

O TGV é uma tolice. Claro que o projecto tem vantagens (era o que faltava se não tivesse!) mas são muito inferiores aos custos esmagadores, não apenas financeiros, mas também ambientais, urbanos, políticos, entre tantos outros. As estimativas mostram já um valor astronómico do investimento, e todos sabem que acabará por derrapar para muito mais.

Mas as empresas construtoras precisam muito de grandes obras e os políticos anseiam por traficar dinheiros, conceder benesses e fazer inaugurações. A pressão é insuportável. Os governos no poder, ganhando esses dividendos, são sempre a favor e são contra na oposição. Dado que o resultado é inevitável, debates e atrasos só aumentam os custos.

Daqui a muitos anos vai-se ver que os comboios andam às moscas, têm de ser subsidiados de forma ruinosa e prejudicam outras formas de transporte. Já foi assim com o complexo de Sines, está a ser com os estádios do Euro 2004, será com o Alqueva. Mas que interessa isso agora? Uma coisa é o processo político, outra, muito diferente, a realidade económica e social.

Mas se neste momento é claro que vamos levar com o TGV, devemos no mínimo pedir uma coisa ao Governo: por favor, ao menos não tentem mais justificar o projecto! É que os disparates são tantos que, quanto mais inventam explicações, mais se enterram.

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