por Paulo Tunhas, i-online 20 de Janeiro de 2010 O problema das televisões, em casos como a catástrofe do Haiti, é que as imagens, perversamente, limitam a imaginação do sofrimento alheio Às vezes a televisão mostra o seu lado perverso. Ao ponto de convir, de facto, evitá-la. Agora foi com o terramoto do Haiti. Se calhar a perversão aqui era fatal, mas isso não a torna menos perversão. Ver repetidamente pessoas que sofrem, aqui ou ali inquiridas por jornalistas sobre a natureza dos seus sofrimentos, suscita, estranhamente, uma espécie de indiferença à dor alheia, acompanhada, ou não, da respectiva má consciência. Sobretudo quando, tratando-se de uma catástrofe natural, a coisa não é susceptível, num plano imediato, de muita elaboração. Aconteceu. É um puro facto. É assim. Note-se que, se se tratasse de uma violência exercida por seres humanos sobre outros seres humanos, a reacção seria, em todo o caso, diferente. Seria necessário tomar posição. Aqui não. Culpar o vago Estado haiti