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Carreira
03 07 2008 00.30H
Esta é a altura do ano em que muitos jovens decidem o seu futuro. Saindo do liceu ou da universidade, é este o momento de escolha da vocação profissional, seja na opção do emprego ou do curso. Por isso é nestas alturas que se verifica um dos mais terríveis mal-entendidos da sociedade moderna.
O que os jovens têm de seleccionar é a área do futuro emprego, o tipo de trabalho que preferem. Mas essa escolha costuma apresentar-se com uma pergunta específica: «O que é que gostas de fazer?». Ora esta questão é mais adequada à escolha de passatempos que de carreiras. A profissão aparece como um divertimento, não um meio de subsistência.
Não admira que tantos jovens optem por candidaturas nas áreas de artes, lazer ou gestão. Não admira que depois se sintam frustrados na vida, porque não gostam do que acabam por fazer. Isso acontece mesmo que tenham a sorte de acertar naquilo que deviam ter escolhido, porque um trabalho, mesmo apropriado, raramente é algo que se goste de fazer. É antes uma coisa necessária para ganhar a vida. O emprego divertido é um mito. Assim, ao aparecerem as inevitáveis dificuldades, esforços e contrariedades, os jovens julgam que se enganaram, porque não apreciam o que fazem.
É muito importante que cada um escolha uma tarefa adequada às suas capacidades. Mas nunca se pode perder de vista que o trabalho é sempre difícil, árduo, trabalhoso. Aliás, é só por isso que é pago. Se fosse fácil e agradável seria de borla. Depois, é nas horas vagas que cada um faz o que gosta, gastando aí o dinheiro que ganhou a trabalhar.
João César das Neves naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
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