Andar para trás

Graça Franco
RR on-line, 080709
Quando o desrespeito pelo outro, mesmo visto como ser amado, cresce desta forma, perante a passividade de todos, é toda uma Sociedade que falha.
Os dados revelados segunda-feira sobre a forma como os jovens portugueses vivem as suas “relações de intimidade” são aterradores.Um terço dos inquiridos admite já ter agredido o respectivo namorado ou namorada. E, embora sejam sobretudo os rapazes o agressor mais violento (murros/ e pontapés), na chamada pequena violência (insultos/ bofetadas/ empurrões) não há distinção de géneros.Um em cada quatro jovens assume que não se limitou a ameaças ou insultos (o que já seria suficientemente grave!) mas acabou por chegar à “agressão física”, o que consegue ser ainda pior…Este grau de violência não se distingue do padrão de violência doméstica praticada entre adultos e assusta a sua precocidade: está presente logo nos namoros do “secundário”.Mas há mais. Este padrão é aceite como “natural” por muitos dos envolvidos, mesmo no que se refere ao “sexo forçado”. No namoro, as relações sexuais forçadas são desculpabilizadas, o que impede que sejam entendidas como efectiva “violação”. Na amostra mais de meia centena de jovens assumiram-se como agressores sexuais.A sociedade tem de se interrogar sobre o porquê destes comportamentos. Quando o desrespeito pelo outro, mesmo visto como ser amado, cresce desta forma, perante a passividade de todos, é toda uma Sociedade que falha. É toda uma Comunidade a andar para trás.
Graça Franco


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