A escolha

14 | 09 | 2011   20.33H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
Portugal enfrenta uma escolha decisiva, que se pode resumir na referência a dois países: México e Bélgica. Para o entender temos de recuar 30 anos.
Em 1981 o nosso país vivia há sete em democracia, após décadas de ditadura. Saía de uma crise financei-ra, ajudado pelo FMI, e ia cair noutra, que o FMI também resolveria.
A nossa credibilidade era mínima e o nível de produto per capita estava em 8000 dólares (preços 1990). Éramos então um país seme-lhante ao actual México, cujo produto é agora o que então tínhamos.
Nestes 30 anos desenvolvemo-nos bem. Somos uma economia europeia, integrada na União, com sociedade moderna e um produto per capita nos 14 mil dólares. Ou seja, estamos parecidos com a Bélgica de 1981, que tinha então um produto semelhante ao nosso actual. Em 30 anos foi como se passássemos do actual México para a Bélgica de então. Claro que entretanto a Bélgica também cresceu, embora menos que nós, e hoje está quase nos 24 mil dólares.
Nos últimos tempos Portugal voltou a hábitos antigos, aqueles que geraram as crises de há 30 anos. Esbanjámos dinheiro, deslumbrámo-nos com a facilidade, descurámos o investimento e inovação, endividámo-nos. Por isso voltámos ao FMI, à austeridade e ao dilema de 1981.
Hoje somos mais ricos, com o nível de vida da Bélgica de então, mas peran-te os duros sacrifícios que temos pela frente a alternativa é clara. Ou conseguimos pôr a casa em ordem, o que nos permitirá apanhar a Bélgica, ou deixamos reinar a confusão e irresponsabilidade dos últimos anos, e regressaremos ao nível do México.

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