Cunhal
DESTAK | 31 | 08 | 2011 21.38H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
O primeiro fim de semana de Setembro inclui todos os anos a festa do Avante!. É uma oportunidade para lembrar Álvaro Cunhal (1913-2005) e as duas grandes lições que nos deixou.Membro do PCP aos 17 anos em 1931, do Comité Central desde 1936 e secretário-geral de 1961 a 1992, aprendemos com ele a total dedicação a uma causa. Álvaro Cunhal foi toda a vida, e em cada pormenor, a personifica-ção do marxismo-leninis-mo. Essa era a sua grandeza. O comunismo é muito mais do que programa político ou ideologia social. Pretende ser uma filosofia global, forma profunda de entender a vida e o mun-do. Cunhal viveu como seu devoto, pensou como seu profeta, actuou como seu apóstolo. Mais ainda, fê-lo na altura em que essa ideologia passou pela sua maior tribulação que, para muitos, a feriu de morte.Nestes tempos de confu-são e ambiguidade, é raro encontrar um exemplo assim. Sempre fiel aos princípios a que dedicou a vida e coerente em tudo até ao fim, foi caso raro de fé imbatível e piedade sem fingimento.A sua segunda lição é que cada um fica sempre com a estatura do seu ideal. Quem se entrega totalmente a uma doutrina, consegue por vezes atingir o máximo de elevação que essa ideologia permite. Mas não mais. Álvaro Cunhal, homem inteligente, brilhante, afável, personificava os grandes benefícios e os enormes defeitos do marxismo-leninismo. Devido à sua fidelidade, conseguiu evitar muitos vícios dos seus camaradas mais fracos. Mas nunca conseguiu ultrapassar os limites e as distorções dos seus terríveis dogmas materialistas.
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