Mentalidades
DESTAK 30 | 06 | 2010 22.13H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
«É preciso mudar a mentalidade das pessoas. Isto só se resolve com uma nova atitude.» Estas são das frases mais ouvidas hoje. A resposta canónica surge invariavelmente, seja para resolver a crise, lidar com questões ambientais, melhorar os estudos, fomentar o associativismo ou enfrentar a comunicação social.
Como solução para os males do trânsito, economia, educação, sociedade, cultura, saúde ou justiça, alguém sempre sugere isto. Pode dizer-se que anda toda a gente a tentar mudar a mentalidade de toda a gente.
O diagnóstico é justo e acertado. Afinal todos os problemas humanos nascem necessariamente de uma mentalidade e atitude. Mudando a maneira de pensar das pessoas desapareceria a violência, crime, abusos e todos os males do mundo. Mas a sua justeza é acompanhada de vacuidade. Invocar mudança de mentalidade é como afirmar que, se o problema não existisse, deixaria de se verificar. Que é verdadeiro e insignificante.
O mundo só se muda com respeito por aquela mentalidade que queremos mudar. As pessoas são racionais e cada uma tenta levar a sua vida da melhor maneira possível, reagindo às circunstâncias como pode. Os maus resultados nascem de mal-entendidos, distorção de circunstâncias, oposição de propósitos. Actuar ao nível dos incentivos é eficaz.
Alguns casos exigem mesmo mudança de mentalidade. Mas como? Há apenas uma pessoa a quem consigo alterar a atitude: eu. Ando a tentar há anos, em várias dimensões, com resultados muito discutíveis. Se é assim com cada um de nós, como podemos pretender mudar a mentalidade de multidões?
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