Escutas

DESTAK |22 | 10 | 2009 08.37H

João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt

O assunto das supostas escutas em Belém é um dos mais sérios casos da política portuguesa. Envolveu figuras cimeiras do Estado em acusações graves, justificou uma comunicação ao País do visivelmente irritado Presidente da República, motivou centenas de análises e críticas.

Ou, pelo contrário, será que o assunto nunca existiu? Não passou de uma tentativa de embaraçar o Governo ou envolver o Presidente na campanha, uma maquinação mediática sem substância para afectar eleições, com grave violação da deontologia jornalística?
Em qualquer caso o assunto é muito importante e exige investigação das autoridades. Como se entende então que tenha pura e simplesmente desaparecido? Acabadas as legislativas e falado o Presidente, tudo se esfumou, ficando apenas vagos debates deontológicos e críticas pedantes ao tom e forma da declaração presidencial. A substância evaporou-se, seja ela a suposta espionagem governativa, a suposta distorção da figura presidencial ou a suposta maquinação jornalística. O caso é já arqueologia oratória.

A súbita desaparição suporta a tese da manipulação com fins eleitorais. Afinal não havia mesmo base objectiva e pelo menos um dos dois principais diários nacionais abusou gravemente da sua função. Como a imprensa é omnipotente, ninguém vai investigar, acusar ou condenar os culpados. Tudo ficará igual, esperando pelo próximo caso para se voltar, por momentos, a pôr cara séria e ensaiar o arsenal analítico, de novo sem consequências. Chama-se a isto espírito democrático e informação responsável.

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