Psicólogo Eduardo Sá defende ser impossível educar sem dizer não
por Agência Lusa, Publicado em 24 de Outubro de 2009
O professor e psicólogo Eduardo Sá considerou hoje, em Coimbra, que é “impossível” promover a educação sem dizer “não”, desmistificando assim a ideia de que proferir aquela palavra “traumatiza as crianças”.
“Aquela ideia, muito infeliz, de que as crianças se educam com pessoas boazinhas e que passa por se imaginar que dizer 'não' traumatiza as crianças é mentira”, afirmou o investigador, que lecciona na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
Eduardo Sá falava à agência Lusa no final dos trabalhos do encontro “De SIM e de NÃO se faz a Educação”, que decorreu sexta-feira e hoje em Coimbra, depois de ter proferido uma palestra intitulada “Eduquem-se uns aos outros”.
Organizado pela Fundação Bissaya Barreto, o encontro teve como ponto de partida “A violência infanto-juvenil em contexto escolar a par da emergência de um novo fenómeno: a violência de filhos contra os pais, em contexto familiar”.
“Eu acho que é impossível sermos felizes sem entretanto dizermos que não. Os pais e os professores bonzinhos são invariavelmente os maiores amigos dos bons pais e dos bons professores”, sublinhou o investigador da Universidade de Coimbra.
Para Jorge Felício, responsável pelo encontro e director do colégio da Fundação Bissaya Barreto, “os participantes vão mais preparados para terem a coragem de dizer sim quando têm de dizer sim e não quando têm de dizer não, porque em muitas situações é mais fácil dizermos que sim e deixar passar”.
Entre os participantes, na sua maioria professores, encontrava-se a antiga directora regional de Educação do Centro, Lurdes Cró, que, em declarações à agência Lusa, disse que “a educação faz-se da capacidade de dizermos sim, e sempre sim, e não, sempre não, às coisas que consideramos dizer sim ou não”.
“Se não fizermos isto criamos uma insegurança enorme nas crianças e nos jovens, porque educar é uma arte, que é o equilíbrio de dizer sim e dizer não”, sublinhou, defendendo ainda que devia fazer parte do currículo dos professores formação na forma de “educar pela positiva para saber lidar com situações de stress na escola e saber lidar com crianças violentas”.
Na leitura final das conclusões, Cristina Cunha, da organização afirmou que “ainda temos muito (pais e educadores) a aprender: a escutar, a olhar, a falar, a usar as palavras, a elaborar pensamento, a gerir e a expressão emoções, a sentir e a mostrar afectos e a partilhar”.
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