Retomar o "bem comum"
Público 2011-07-07 Pedro Botelho Gomes
Os tempos em que vivemos não se compadecem com ruído estéril. De esquerda ou de direitaA causa do "bem comum" exige ter os pés bem assentes na terra, exige realismo. Muito sério. Portugal tem de recuperar a credibilidade junto dos mercados internacionais (por mais que as medidas a implementar possam ser diabolizadas pelos sectores mais críticos), através de políticas bem consolidadas, para que seja solto de vez o "lastro" de país do final da linha. E Portugal tem de se credibilizar junto de todos nós, que estamos exauridos de tanto desregramento.
O esteio do esforço nacional tem de estar em cada um de nós. Tem de estar desde o mais alto responsável da Nação até ao mais humilde dos cidadãos. Todos temos de estar na primeira "trincheira" desta batalha que pode significar ganhar a guerra contra o declínio económico e financeiro. Uma guerra que tem de ser ganha, definitivamente.
Realismo é a palavra-chave dos tempos que vivemos. Porque muitas vezes há quem pense que os problemas se resolverão por si mesmos. Que haverá um homem providencial que chegará do meio do nevoeiro e fará com que a nossa dívida externa desapareça; que o número de desempregados baixe; que as empresas em crise sejam em menor número; que a Segurança Social dure para sempre e tudo garanta. Generosidade, honestidade e verdade são três lemas, três linhas orientadoras, que devem fazer parte do nosso dia-a-dia. E esperemos ver espírito de serviço exemplar nos detentores de cargos públicos, a quem mais compete o esforço de devolver credibilidade interna e externa ao país.
Como afirmou recentemente o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, o país "tem de dar o seu contributo à evolução positiva, concretamente da União Europeia e da Zona Euro, e só o fará se resolver positivamente, reconquistando a credibilidade, o momento que passa". "Não é a mesma coisa partilhar generosamente e ser obrigado a distribuir", adianta a Conferência.
Os tempos em que vivemos não são fáceis, já todos sabemos. Por isso, lemas como os da solidariedade e do trabalho árduo em prol do colectivo são decisivos para quem herdou uma situação em que, mais do que chorar o que foi (mal) feito, há a necessidade de trabalhar para o "bem comum". Retome-se e viva-se o conceito. Advogado (pedrobotelhogomes@jpab.pt)
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