A Rainha Santa Isabel e as mulheres do séc. XXI

Isilda Pegado
Voz da Verdade 10 Jul. 2011

1. O dia 4 de Julho é o dia de Santa Isabel de Portugal, a Rainha Santa. Coimbra presta homenagem a esta Santa Rainha, e recorda a mulher que viveu com uma atenção e tensão que, sete séculos depois é recordada e venerada.
2. Cada tempo tem as suas circunstâncias e, a forma de estar na vida no feminino tem seguramente muito de específico. Os falsos igualitarismos são parte de uma ideologia que esvazia a essência de mulheres e homens.
3. Um grupo de amigas, interpeladas pela situação social, política e económica de há uns meses atrás, levam pela frente uns encontros/almoços com mais de 200 mulheres e é apresentado um tema de interesse, a que chamam – Mulheres do Séc. XXI. Pensam as circunstâncias de vida no feminino, tendo subjacente um conjunto de valores e princípios estruturantes da sociedade como sejam a família como identidade, a conciliação da vida de trabalho com a família, a educação, a liberdade, a defesa da maternidade e paternidade responsáveis. Sem preconceitos e com um desejo grande de Verdade.
4. Na sociedade cada “eu” tem um papel, uma circunstância própria e irrepetível que necessariamente é avaliada, e que gera uma forma concreta de actuação. Recebemos uma tradição, e um passado que são o primeiro critério para avaliação da nossa actuação. Sem esta referência ao passado não teríamos critério de avaliação e de comparação. Tudo o que fazemos e decidimos é por comparação com o que já adquirimos. Porque é a partir dali que posso fazer um juízo crítico do que me é pedido hoje.
5. Hoje, mulheres e homens estão lado a lado. Cada um com o seu papel específico que é também complementar do outro. Como exerço a minha função de esposa, de mãe, de cidadã, de receptora e transmissora de afectos e amor? Basta ser? Ou há um dever de agir, um dever/ser? Como posso no século XXI construir o que está no m² que me circunda?
Cada um saberá adequar ao seu caso concreto. Estar ao lado de um homem/marido não é um papel passivo. Tem tudo de activo. Conhecer, ouvir, apoiar, dizer ou não dizer tudo… Tudo, mesmo tudo o que a nossa “cara-metade” faz e decide, é importante para mim. O casamento é uma comunhão de vida.
O património, que vem dos nossos pais, e que será dos meus filhos ou não, é relevante para mim. Não se trata de fiscalizar, trata-se de estar ao lado, de ser verdadeira companhia.  
Não é pela negativa que construo a família – não pode, não deve, não faz… Mas por uma positividade que resulta do desejo do meu coração, que é vivida em plenitude e por isso dá frutos.
6. Há dias li uma pequena biografia, historicamente muito bem fundamentada da nossa Rainha Santa Isabel, e lá estava documentado o seu papel de exímia administradora dos seus bens, ao ponto de ser ela a accionar a cobrança de dívidas e penhoras; exímia política na condução dos destinos do País ao lado do marido e depois do filho nas contendas com os Reinos de Aragão e Castela; exímia administradora de obras que fez no Convento de Odivelas, de Coimbra, de Alcobaça, etc.. Era uma mulher da Idade Média, séc. XIII, Rainha, que poderia ter entregue esses encargos mundanos a outrém. Mas não fez. Tudo a interessava!
7. Estar na vida com atenção e tensão é seguramente o caminho para uma maior dignidade. É certo que, contra esta forma de estar conspira hoje um conjunto de alternativas que nos retiram da realidade oferecendo soluções fáceis mas escravizantes. Dou como exemplo imediato as questões de maternidade e paternidade responsáveis ou de regulação da fertilidade. Têm como contraponto fácil e barato o aborto, a contracepção, as técnicas de reprodução artificial etc.. Embarco na propaganda barata de revistas, televisões e outros fazedores de opinião que ofuscam a verdade e o grito que está dentro do meu coração?  
Não podemos esquecer que esta «mentalidade comum» não existe só fora de nós mas está profundamente infiltrada em nós. Por isso, a indecisão em abordá-la pode construir uma posição ruinosa para nós próprios.
Para sermos honestos, a dado momento é preciso fazer frente a problemas sérios, não só no âmbito interno da própria consciência mas também no diálogo com os outros. Por isso tudo depende da forma como uso a minha liberdade.
Viver em tensão e com atenção é para todos. Dei o exemplo histórico da Rainha Santa, mas há relatos de mulheres simples do povo, que na mesma época, (Idade Média) educavam os seus filhos, geriam a casa, as propriedades e as sementeiras, aconselhavam marido e irmãos, e amaram e acarinhavam o marido e os filhos.
Hoje nas tribos de África ou na América do Sul, há muitas mulheres que vivem nesta tensão e atenção ao seu papel.
Hoje, aqui, constrói-se em cada acto de educação dos filhos – na intervenção na escola, na atenção aos amigos deles, na disponibilidade (e até ginástica) para os interpelar com coisas simples e que criam uma cumplicidade. Afirma-se na intervenção cívica, na forma como vivemos o namoro e o casamento, ou na forma como cuidamos dos avós, dos pais e tios que estão sozinhos na velhice. O ser identifica-se no agir.

Ser hoje mulher, mulher do século XXI, cria circunstâncias concretas que me são dadas e a partir destas posso e devo construir com, e para a liberdade, para a resposta concreta aos desejos do meu coração.
O Padre António Vieira num Sermão em que fala da Rainha Santa Isabel diz que “foi mais Rainha por ser Santa e foi mais Santa por ser Rainha”.
Isilda Pegado, Presidente Fed. Port. pela Vida

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