Conspiração
DESTAK 13 | 07 | 2011 18.36H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
Cada vez mais vozes denunciam a verdadeira razão da crise da dívida europeia. Afinal não se trata de despesismo de gregos, irlandeses e portugueses. Os enormes défices orçamentais são apenas detalhes e o endividamento insustentável, consequência de décadas de erros e abusos, não tem nada a ver com a questão.
Tudo não passa de meros pretextos para ocultar a suprema conspiração. É preciso ser cego, dizem, para não ver que isto é um ataque descarado, primeiro ao euro e depois à União Europeia. Os instrumentos são os bancos e as agências de rating, em nome dos famigerados mercados, que tudo devoram e nada respeitam.
Confesso que a minha limitada inteligência não consegue acompanhar elucubrações tão elevadas e complexas. Por isso fico silencioso perante os majestosos raciocínios. Permito-me apenas uma perguntinha: quem ganharia com a derrocada do euro e da UE?
Uma coisa dessas criaria um terramoto financeiro muito mais grave que a falência do Lehman Brothers. Os bancos teriam perdas enormes e os mercados volatilidade explosiva. Além do campo financeiro, a queda afectaria a produção de toda a economia europeia, provocando uma brutal recessão que, dado o nível de integração mundial, se espalharia pelo planeta. Só um arqui-terrorista ou um super-vilão de cinema, interessado na miséria global, poderia querer provocar uma coisa dessas.
Sem ofender tão eminentes analistas, parece-me que a outra explicação, a da dívida irresponsável e dos credores com medo compreensível de perder os seus empréstimos, é bastante mais plausível.
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