Caridade na verdade
Manuela Ferreira Leite
Expresso, 20090711
Foi apresentada a nova encíclica de Bento XVI que aponta caminhos de esperança, mas também de exigência que implicam uma efectiva mudança de mentalidade que nos induz a "adoptar novos estilos de vida".
Aí se afirma que o progresso necessita da verdade, sem a qual os interesses e lógicas de poder terão "efeitos desagregadores na sociedade" e que os cidadãos e as instituições devem recuperar valores morais, os únicos capazes de orientar a acção para a justiça e o bem comum.
Em tempo de desorientação à escala global, em que se perderam referências e se olha com perplexidade os efeitos devastadores do individualismo egoísta, o apelo do Papa à construção de "uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade e da sua vocação" é um impulso fundamental para novos caminhos no plano individual, mas também na acção política.
Esta, se não tiver "como fim último o bem comum, arrisca-se a destruir riqueza e a criar pobreza".
É um apelo à humanidade para mudar de caminho, baseado na caridade, na verdade, como forma de atingir metas ao alcance dos homens.
Um desafio imenso que não pode ser mais adiado.
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