Invencibilidade?
Um dos factos mais marcantes das eleições europeias foi o «fim do mito da invencibilidade de José Sócrates», referido por sucessivos comentadores. Na oposição de ambos os lados foi saudado efusivamente e, talvez mais determinante, o PS confirmou-o pelo silêncio sorumbático. Não há dúvida que a derrota do senhor Primeiro-Ministro foi vista como um momento de viragem na sua carreira política.
A pergunta mais curiosa é saber de onde veio esse mito de invencibilidade. José Sócrates é secretário-geral do Partido Socialista desde Setembro de 2004. Começou o seu mandato com uma vitória clara nas legislativas de Fevereiro de 2005, mas ainda nesse mesmo ano perdeu largamente as autárquicas em Outubro. Voltou a perder as presidenciais de Janeiro de 2006 e , nas eleições regionais, foi derrotado na Madeira em Maio de 2007 e ganhou nos Açores em Outubro de 2008. Agora voltou a perder nas europeias de Junho de 2009.
Das seis eleições que disputou até agora, uma de cada tipo (o referendo de Fevereiro de 2007 não foi partidário), o Partido Socialista de Sócrates ganhou duas (legislativas e açorianas) e perdeu pesadamente todas as outras (autárquicas, presidenciais, madeirenses e europeias).
Como qualquer um ganharia ao desgastado Santana Lopes e nos Açores a vitória deve-se a Carlos César, é difícil entender como nasceu o tal mito e, portanto, a razão da surpresa da oposição e da tristeza do PS.
O facto político mais notável no Primeiro-Ministro é, não a sua invencibilidade, mas ter conseguido tal imagem com uma prestação eleitoral tão fraca.
João César das Neves naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
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